Santa Catarina amplia apoio à agricultura familiar com sementes de milho de alta qualidade |
Jardins botânicos, eis um ambiente surpreendente. Glamour à primeira vista, não importa aonde.
Dia desses que grata surpresa ao adentrar no Jardim Botânico de Curitiba. É certo, um pedacinho do céu na terra. Há, ali, uma ordem. Mais
que isso: inteligência, designers a muitas mãos. Traços requintados de arte e técnica sobressaem. Implantá-los, um desafio; mantê-los, a espada de Dâmocles. Tensão permanente.
Meio da tarde, sol outonal, temperatura amena. Céu de brigadeiro. Apenas traços de nuvens esbranquiçadas no céu, penugem dos deuses. A grandiosa estufa, o ícone. Transparências. Luminosidades. Palácio imponente que se impõe na paisagem. Abaixo, ao largo, no portal de acesso, perpetuam-se traços preciosos da Escola francesa de paisagismo. Pegadas do jardim de Versailles. Mais ao fundo um boulevard em meia lua abriga uma coleção nada modesta de plantas. Muitas plantas. Chama a atenção, no entanto, as espécies sensoriais. Fragrâncias no ar. A unidade de meliponicultora expõe uma coleção dessas abelhinhas sem ferrão. Simplesmente majestosas. Colmeias, aqui, colmeias acolá. Vibram. Inesperados voos. Como polinizadoras natas encaixam-se perfeitamente no ambiente. Há mais, muito mais, porém. Gramados extensos e bem aparados. E elevados. Dispersas ondas marinhas. Oh, não! ondas terráqueas. Mobílias não faltam para uma parada providencial. Tradicional descanso. Um grupo de crianças refestelavam-se no playground. Tendas de piquenique. Toalhinhas e cestas coloridas. Lanchinhos. Num dos cantos, na baixada, um lago empresta charme ao ambiente. Quero-queros e saracuras preguiçosamente deleitavam-se. Esticam as asas. Estrilam; expressam, porém, sossego próprio de quem curte a vida. No entorno, árvores nativas, entre as quais araucárias, símbolo vivo da terra dos pinheirais.
Percebe-se no olhar das pessoas um clima de contentamento. Deliciam-se. As crianças apreciavam a água que rebordejavam nas
cascatas. Água e muito verde. Muito verde e água e acessos cuidadosamente dispostos ensejavam bem querer. Ora, os jardins botânicos, cismo cá comigo. Essa história vem de longe. Evoca o jardim de Éden. Bíblico. Não é de graça que a palavra jardim de origem hebraica significa Gam (acolher, receber); e Éden (prazer, alegria). Nada mais certo. Nada mais pertinente.
No entanto, a história mais recente se perde no tempo. Cita-se o Jardim Real de Tutemés III(r.1479-1425 a.C.). O idealizador, Nekht, chefe-
jardineiro dos jardins ligados ao templo de Carnaque, Egito antigo. Ah, e o mais famoso de todos, monumento do mundo antigo, os jardins
suspensos da Babilónia.
Mas a partir do século XVI vieram outros. Jardim botânico de Pisa, 1544. E da Itália conquistam o mundo. França, Inglaterra, Dinamarca, Holanda, Suécia, Portugal. E com Dom João VI o Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1808. Depois em terras tupiniquins vieram outros, uma rede deles, com destaque para Brasília e, mais recentemente Florianópolis.
O que seria em essência um Jardim Botânico. Simples e complexo ao mesmo tempo. Um ambiente, uma coleção de plantas. Presença de
cientistas. E, mais que isso, um centro de educação ambiental. Escola de botânica e boas práticas de convivência com a natureza, a essência. Uma espécie de reencontro do homem com sua origem. De coletor, a caçador e, depois, cultivador.
Ressalte-se, entretanto, existem vários tipos de jardins botânicos. Há os clássicos, com diferentes tipos de plantas, geralmente são públicos. Os ornamentais que privilegiam a beleza. De conservação. Universitários, a grande maioria.
E naturais ou silvestres. E há os particulares, caso do Jardim Botânico Plantarum, em Nova Odessa(SP). Ali o Engenheiro Agrônomo Harry Lorenzi, filho ilustre de Corupá(SC) apresenta uma vasta coleção de plantas. Plantas coletadas em todo o país. Esplêndido santuário ecológico. E, em livros vastamente ilustrados, sinopses e fotos primorosas. Enciclopédias de botânica em pleno século XXI. Digna de registo, portanto.
Tema instigante, certamente, os jardins botânicos. Visitá-los, mexe com nossas raízes. Ancestrais raízes. Que venham, portanto, para nosso gáudio, mais jardins botânicos por aí.
Joinville, 17 de maio de 2025
Onévio Antonio Zabot
Engenheiro Agrônomo
Deixe seu comentário