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ARTIGO

AS DUAS MADRINHAS

Ary Silveira de Souza

Ao completar 56 anos de sacerdócio, monsenhor Bertino Weber, vigário da Catedral São Francisco Xavier será homenageado com a maior honraria de Joinville, a Medalha Dona Francisca, em solenidade programada para às 19 horas de quinta-feira (24/3), na Expoville. O ato contará somente com a presença do homenageado e autoridades em respeito aos protocolos sanitários impostos pela pandemia.

Ao tomar conhecimento de tão merecida homenagem, me vem à memória uma dia do longínquo ano de 1967.

No dia 23 de maio de 1967 chegava ao mundo o nosso primogênito. Houve divergência inicial com relação à escolha do nome, eu gostaria que recebesse o nome de Ariovaldo, enquanto a Claudete preferia que se chamasse Sérgio Luís. Definido o nome do nosso primeiro filho e prevalecendo a sugestão da mãe, faltavam os padrinhos. Como minha mãe Maria Francisca de Souza e a mãe da Claudete Amazilda Máximo Veira, eram viúvas, decidimos convidar as duas para madrinhas do pequeno Sérgio Luís Silveira de Souza.

Batizar crianças ainda na maternidade era uma prática comum. Sempre ouvia dizer que a providência era para evitar preocupações dos pais sobre o risco do bebê morrer pagão. Como a Claudete havia passado por cesariana, permaneceu alguns dias na Maternidade Darcy Vargas. Ocupando apartamento pago pelo IAPB - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários - permitia minha companhia no período da noite, depois das 24 horas quando deixava a Rádio Difusora. Como também cumpria expediente no BDE - Banco de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina (depois BESC - Banco do Estado de Santa Catarina) eu acordava cedo. Numa manhã, depois de combinar com a Claudete, fui até a capela da maternidade para conversar com o padre sobre o batizado.

Não lembro o nome do padre, mas quando falei que o recém-nascido seria batizado por duas mulheres, o sacerdote descartou a possibilidade de realizar o ato batismal. "Duas mulheres não pode, precisa ser um homem e uma mulher". Nosso amor às nossas mães não permitia nem pensar em cumprir a vontade do padre.


 Arquivo pessoal/Ordenação de monsenhor Bertino (no centro) em 22 de junho de 1964

Havia chegado a Joinville um jovem padre que frequentemente apresentava a "Oração da Ave Maria" na Rádio Difusora. Seu nome; Bertino Weber.


               Aquivo familiar/O afilhado entre as duas madrinhas - Chamadas pelo Criador, Amazilda Maximo Vieira partiu em 28/11/1979 e Maria Francisca de Souza, em 17/5/1991

No mesmo dia, depois de receber a negativa do padre na capela da maternidade, aproveitei a presença do padre Bertino na rádio e relatei o meu problema. Padre Bertino foi rápido, respondendo; "amanhã vou celebrar missa na maternidade, pode levar a criança com as duas madrinhas". Sergio Luís passou a conhecer a história e nasceu sua admiração pelo padre. Foi padre Bertino quem celebrou seu casamento com Lucélia Destefani em 17 de janeiro de 1998.

Anos depois, foi o padre Bertino Weber quem ministrou o batizado de Victoria e Vitor, filhos de Sérgio Luís e Lucélia.


Ary Silveira de Souza -  editor do JI Online



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