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  • - Victória Destefani Silveira de Souza - Apaixonada por cinema é estudante do Curso Técnico em Turismo no IFC, Campus São Francisco do Sul

Moxie: quando as garotas vão à luta - Victória Destefani

Quando dei play na produção da Netflix, pensei que seria só mais um filme bobinho sobre colégio estadunidense, que estamos acostumados a ver. O típico clichê adolescente. Mas na verdade não. Moxie trás uma discussão sobre feminismo, causas sociais e sororidade, retratando uma sociedade não muito longe da nossa. O filme não é sobre quem é melhor, mas sim sobre como é possível, a partir da união, a conquista de uma vitória.

 A história conta sobre Vivian, uma garota que está no último ano do colégio e precisa se inscrever na faculdade. A prova em questão é uma redação sobre alguma causa com a qual ela se identifique. Analisando os diversos cenários possíveis, ela começa a notar algumas situações erradas em sua escola, como um ranking das meninas, feita pelos rapazes, e a vista grossa frente ao assédio pelos professores e direção. Assim, Vivian cria um clube feminista na escola, chamado Moxie.

 Apesar de simples, as situações retratadas no longa chegam a ser desconfortáveis. Para as mulheres, chega a ser engraçado sentir que alguns momentos retratam exatamente algum episódio de machismo. Mas esse incômodo é bom, pois faz o público pensar um pouco fora da bolha. Talvez para cidades grandes, esses questionamentos não façam muito sentido. Porém, para locais menores, a igualdade de gênero está longe de ser uma realidade.


O público alvo da produção são os adolescentes, e por isso a construção do enredo é simples e fácil de ser compreendida. O filme todo se passa em uma escola, o que facilita a identificação com os personagens. Por serem vivências do cotidiano dos jovens, as descobertas feitas pelas garotas facilitam o processo de denúncia e posicionamento frente aos espectadores. Uma das coisas que mais se destacaram é quando Vivian analisa a situação até conseguir força suficiente para enfrentar o problema com a cabeça erguida. Nesses pontos o filme acerta em cheio e transmite uma visão diferenciada da que estamos acostumados. Porém, quando a protagonista entra de vez no movimento, começa a sentir uma grande raiva ao ver as injustiças sofridas pelas mulheres. Essa raiva é totalmente justificável, afinal ela é uma adolescente. Mas isso descaracteriza em muitos aspectos o feminismo, pois ele está longe de ser uma raiva injustificável por homens.

 Por mais que todo ideal tenha sido importante para a construção de um enredo coerente, a produção peca em alguns sentidos. O grande defeito é que todas as questões levantadas são apenas pinceladas. Não há uma profundidade em mostrar os sentimentos das garotas e como isso as atinge. O filme questiona diversas ações, mas deixa a conclusão a cargo do público. Isso pode tornar todo o conceito do filme um pouco vago. Além disso, os personagens não possuem uma história bem desenvolvida, e precisamos aceitar apenas o que o filme nos mostra.

 Moxie é um prato cheio para as discussões sociais e difusão da temática. É um filme necessário, que nos faz refletir, pensar e analisar os cenários em que vivemos. O feminismo não é sobre colocar as mulheres acima dos homens, mas sim sobre igualdade. Por isso esse filme foi um presente da Netflix para os jovens, que têm tudo para crescer com essas questões mais bem resolvidas que a geração anterior.



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