Obras de esgoto avançam no bairro Ubatuba, em São Francisco do Sul |
Dias desses na Expo Gestão ouvia Décio Silva, CEO da WEG. Sabias palavras. Simplicidade. Águas profundas. Décio - filho de Eggon João da Silva -, visionário da WEG. Engenheiro Mecânico, primeiro sucessor a conduzir a empresa; escolha consensual dos fundadores. E também arauto da cultura. Protagonistas da SCAR (Sociedade de Cultura Artística de Jaraguá do Sul), em cujas dependências acontece a famosa FEMUSC (Festival Internacional de Música de SC).
Sem sombra de dúvida, a trajetória da WEG é um case de sucesso. Referência mundial. Com capital inicial equivalente ao valor de um fusca, Eggon João da Silva(administrador), Werner Ricardo Voigt (eletricista) Geraldo Werninghaus(torneiro mecânico) – em poucos anos ergueram um império.
Pitigrilli escritor e humorista italiano, em breves palavras, insight de lucidez, disparou: temos três tipos de pessoas no mundo basicamente: 1) aquelas que tem muitas ideias; 2) os viabilizadores; 3) e os executores. Ou por outra: há indivíduos extremamente criativos. Ideias não faltam. Abundam. Outros viabilizam-nas. Tiram do papel. Filtram. E há os gestores, esses, se acionados, cumprem metas. Gerentões.
Raramente encontramos essas três potencialidades num único indivíduo. Se presentes, o diferenciam. Caso de Henry Ford, por exemplo. Mal comparando, a WEG nasceu e se expandiu graças a essas qualidades latentes. Três gênios uniram-se e a fundaram: Eggon, Werner e Geraldo. Sintonia fina. Tocavam de ouvido.
Alcides Peixoto e José Demarch, engenheiros agrônomos da ACARESC (Associação de Crédito e Assitência Rural de SC) conviveram com os fundadores da WEG em priscas eras. O Escritório ficava ao lado da fábrica. E Eggon vez por outra aparecia por lá.
Cordial, confabulava sobre agricultura. A WEG, recém fundada (1961) se expandia a olhos vistos; buscava representantes comerciais. Eggon - capicioso que era -, pescava.
Mais das vezes jogavam bocha na Sociedade Baependi. Amigos, portanto. Demarch contava que certa feita Eggon participava de uma feira no Canadá. E, ao lado do stand da WEG, um avicultor expunha aves. Conversa vai, conversa vem esse agricultor, convencido por Eggon, acabou representando a empresa naquele país. Sucesso imediato. O Canadá perdeu um agricultor e ganhou um excepcional representante
comercial.
Via de regra, os representantes tornavam-se acionistas. Ou seja: sócios da empresa. Compartilhavam, assim, desafios.
Apolinário Ternes, escritor, editorialista e historiador descreve essa epopeia no livro: História da WEG (36 anos). Eggon reporta-se a insistência para convencer Geraldo Werninghaus, então torneiro mecânico em Joinville para que participasse como fundador da sociedade
Eletromotores Jaraguá S/A. Não foi tarefa fácil. Deu certo, no entanto.
Despontam desafios. A saga: o transporte de um torno mecânico até Jaraguá do Sul. Estrada de terra. Atoleiros. Embora os percalços, deu
certo. Enlameados, mas vitoriosos. Werner deixa auto elétrica e ingressa na sociedade. O primeiro passo estava dado. Tiro dado, bugio deitado.
Ah, houve um outro momento crucial. Questão de rebobinagem ou coisa do gênero. Geraldo, ato providencial, é enviado a São Paulo.
Ingressa na Motores Brasil. Eureca! volta com a solução. Outra feita dobram um gerente do Brasil a ingressar na empresa. O
desafio: melhoria de processos. Protocolos. Manuais. Orgulhoso Eggon exclama: enfim, além de não perder funcionários para o Banco do Brasil, agora conquistam. Um feito e tanto para a época.
Ampliada, segundo Décio, a WEG prospectou novos horizontes. É mundial. Uma curiosidade: WEG, em alemão quer dizer, caminho. Põe
caminho nisso. Tudo certo.
E diversifica: além de motores elétricos, automação industrial, energia renovável, mobilidade elétrica. Na palestra faz questão de ressaltar - palavras de um colaborador -, a WEG é como uma granja: “Novilhas novas garantem a prosperidade da granja”. Daí toda a atenção às novilhas novas. Renovação do plantel. E renovação de plantel significa antes de tudo inovação. Criatividade à solta. Ousadia. Inventividades.
Eggon, afeito a coleções de cachimbo e cachaça envelhecida em barris de carvalho, tem uma tirada célebre que em parte revela o timing da WEG: “Quando faltam máquinas, você pode comprar; se não tiver dinheiro pode pegar emprestado; mas homens você não pode comprar ou pedir emprestado, e homens motivados são a base do êxito”.
Apreciava, sobretudo, o provérbio japonês: Se não fossem os nós, que resistem às tempestades, o que seria dos bambuzais.”
Senhora ousadia escrever sobre a WEG - gigante presente em dezenas de países. Mas – cá entre nós-, depois dessa de novilhas novas, sinceramente, como silenciar. Alvíssaras!
Joinville, 3 de maio de 2025
Onévio Zabot
Engenheiro Agrônomo
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