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Guerra aos automóveis. Isso é possível? Paris - Cidade Luz -, opta por essa tendência. Guerra implacável. Anne Hidalgo prefeita desde 2014 - sendo reeleita em 2020 -, implementa essa ousada medida. Utopia ou realidade, a pergunta que não quer se calar.
Ao invés de estacionamentos para carros, mais árvores. Bosques. Ilhas verdes. Ufa! basta de “ilhas de calor”. Plano arrojado com viés climático (2024/2030). O compromisso até lá: remover 60 mil vagas de estacionamento. E, ato contínuo, transformá-las em áreas verdes - três milhões de metros quadrados -, o equivalente a trinta campos de futebol. E 10% disso até 2026. “Praças oásis” serão implantadas. Vinte distritos e bairros contemplados.
Vagas de meio fio serão substituídas por árvores. esponjas verdes. Decisão corajosa, haja vista os esforços e dispêndios necessários.
Impostergável, todavia.
O tema foi amplamente discutido no Conselho de Paris, equivalente a câmaras municipais por aqui. Importante ressaltar: o cargo de prefeito na França é exercido pelo presidente do Conselho Municipal. Traduzindo: Câmara de Vereadores. O lema escolhido: “Faster , falatrer, more local”. Livre tradução: mais rápido, mais justo, mais local. A medida, é certo, está associada à descarbonização. Menos dióxido de carbono, mais oxigênio.
Qual seria, contudo, a justificativa para medida aparentemente tão radical. Simples. Questão de ordem ambiental. Climática. Qual seja: uma
forma de lidar com os eventos extremos, principalmente no que se refere a inundações, estiagens, vendavais e elevação de temperatura. E, é claro, subjacente a esses fatores, a redução da poluição sonora e de particulados na atmosfera. Trata-se, portanto, de medida preventiva,
embora paliativa, mas de fundo altamente educativo. E de saúde pública, por que não!
Sabemos que a saúde das pessoas está diretamente associada à presença de ambientes arborizados e ajardinados. Esta mais do que
provado: ambientes arejados aliviam o estres. Animam. Vitalizam.
Estudos da Universidade de São Paulo (USP) apontam que nas áreas de parques, lagos, jardins botânicos e outros ambientes similares, a
temperatura cai em até 5°C. Número expressivo, certamente.
Em terras principescas, o engenheiro civil Adilson Gorniack proferindo palestra no Comitê da Bacia Hidrográfica do Cubatão Norte e Vertentes da Babitonga, abordou o tema: Jardins Drenantes.
Defende o engenheiro a tese de que os jardins - o conjunto deles -, ao represar parte d’água da chuva, liberando-a aos poucos, contribuem, para reduzir o impacto das enxurradas. Enxurradas essas que, via de regra, em caso de chuvas intensas, provocam transbordamentos.
É certo, entretanto: zonas de alagamentos demandam medidas integradas, e não apenas obras de arte, estas às vezes, caríssimas, mas
pouco eficientes.
O professor Júlio Bernardes da USP corrobora: “Estudos científicos - mais de 200 -, descobriram que as chamadas áreas verdes de infraestrutura urbana verde-azul-cinza (GBGIs) podem se tornar em grandes aliadas no combate à denominada ”urban heat island (UHI) ou ilha de calor urbano, onde as cidades experimentam temperaturas mais altas em relação às rurais ao redor”.
Sobre Paris - Cidade Luz -, assim nominada porque foi a primeira das grandes capitais a receber iluminação pública a gás. É também reconhecida como um centro de novas ideias. De Efervecência. Ville lumière para os intelectuais.
Agora, porém, como cidade verde, cidade azul, praça de oásis, como uma fênix desairada parece ressurgir das cinzas. Haussmann - eterno
prefeito de Paris -, lá do alto, aplaude.
Como faz questão de refrisar Franklin, filósofo nas horas vagas: - neste caso basta copiar. Claro, ressalvadas as peculiaridades locais.
Cá entre nós, porém: se bem estar é tudo, só nos resta nesta hora bradar à toda: mãos à obra, ó bravos!
Joinville 17 de abril de 2025
Onévio Zabot
Engenheiro Agrônomo
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