logo RCN
CAMPO & CIDADE

Rancho Alegre - Onévio Zabot

  • - Onévio Zabot - Engenheiro agrônomo e servidor de carreira da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) - Membro da Academia Joinvilense de Letras

Rancho Alegre não poderia ser diferente, um pequeno Éden na estrada Piraí, terra dos príncipes. De cara Djalma, arrozeiro dos bons tempos, que cortava grama, ao nos reconhecer, indaga: - Amigo aonde andas?

Sem titubear respondo: - Nem eu sei, por isso estou aqui. Gargalhadas à parte, santo Deus que paraíso. Ambiente mais do que encantador. Uma caixinha de surpresas em cada canto. Placas adrede expostas apresentam as atrações. Sinalizam passagens. Locais para piquenique. Travessias, pontezinhas de cinema dão acesso às paragens.

Outras apontam cuidados. Precauções necessárias para um passeio confortável. Tudo ali transpira aconchego, capricho e muito zelo; percebe-se claramente. A natureza exuberante não só no local, mas na encosta da serra do mar - verde e intensa -, salta aos olhos. Fazer as pessoas felizes, especialmente as crianças é, sobretudo, uma missão.

Crianças adoram animais. E o Rancho Alegre é o rancho das aves: galinhas ornamentais, patos, marrecos, cisnes, gansos e pavões; e dos animais: pôneis, coelhos, cabras, touro anão. Jumento. Ovelhas. E filhotes, muitos filhotes: bezerrinhos cor de chocolate, porquinhos malhados, cabritinhos sapecas. E porquinhos da índia. Receosos, mas atrevidos porquinhos da índia. Evocam festas de Igreja nos bons tempos.

Sítio também das frutíferas. Do pomar. Das árvores sombreadoras. Cinamomo gigante. Sítio dos lagos, do museu e do café colonial. Sim, café colonial. Ambiente charmoso. Glamour. Gastronomia típica. Artesanato.
Dione, extensionista da Epagri puxa conversa com dona Ana, esposa de Tarciso, ambos idealizadores e protagonistas do projeto. Dione ama o que faz, ama as pessoas, daí o humor típico e contagiante de recifense da gema. A prosa corre solta, sem freios. Sonoras gargalhadas. Não é diferente dona Ana. Porta no colo a pequena Catarina, faceirice de menina criada no campo. Apresenta uma a uma as atratividades. Informa: -
Crianças adoram abraçar coelhinhos. Daí os colocarmos neste berço durante a visita. Forma de aproximá-los.


Cá entre nós, quem visita uma propriedade voltada ao turismo rural não faz ideia do esforço empreendido para pô-la em ordem. Gerencia-la. Animais exigem atenção redobrada. Ração. Água. Tudo custa, informa Tarciso. 

E mais do que isso: receber pessoas, especialmente famílias, exige muita atenção, compreensão e, sobretudo interação. Hospitalidade, enfim.  Em dia de pico, pondera Tarciso, centenas de famílias passam pelo local. De outro lado, o turismo rural, especialmente o modelo familiar como e recente no Brasil, a legislação carece de adequação.. Modelos urbanos não se encaixam; daí os conflitos de ordem fiscal e tributária. E trabalhista. E ambiental. Sem considerar as esferas, os entes federados:União, Estado e Município com áreas sobrepostas; não sendo claras às respectivas competências.

Juliana, filha do casal, que toca o café colonial, revoltada questiona: - Todos a nos extorquir, poucos a nos incentivar. Dione concorda: - Temos pendências a resolver, especialmente quanto à emissão de nota de produtor rural que não são reconhecidas pelas pessoas jurídicas que aportam ao local. CPF e CNP, neste caso, batem de frente, quando deveriam complementar-se. E há os bombeiros com exigências nada urbanas. Cercar lagos com telado de metro e meio.

Conflitos à parte, Tarciso esbanja otimismo. Investiu todas as reservas na propriedade. Um sonho antigo. É vencer ou vencer, reverbera. Participada da Associação de Turismo Eco Rural de Joinville (ATERJ), cujo planejamento estratégico promete revolucionar o setor, dando-lhe amplitude e representação. Também participa do conselho da Área de proteção Ambiental (APA) da Serra Dona Francisca com abrangência na localidade.
Uma coisa é certa, as pessoas necessitam do campo, destes ambientes acolhedores. Terapia d'alma. Encontrar pessoas como a família de Tarciso dispostas a isso, é uma graça, uma benção divina.
Tarciso faz questão de frisar: nove famílias auferem renda neste empreendimento. Alvissaras, Tarciso, dona Ana e Juliana!

Joinville agradece por disponibilizarem este pequeno jardim de Éden para alegria dos visitantes, especialmente as crianças.

                                                                   Joinville, 16 de dezembro de 2021





Volta ao tempo em 40 anos - Roberto Dias Borba Anterior

Volta ao tempo em 40 anos - Roberto Dias Borba

Natal e Ano que finda - Sidônio Cassol Próximo

Natal e Ano que finda - Sidônio Cassol

Deixe seu comentário