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ARTIGO

CONTOS DE NATAL

  • - Ary Silveira de Souza - Jornalista - Editor do JI - Autor do livro Memórias de Um Repórter Joinvilense

Natal sem Papai Noel - Ary Silveira de Souza

Na primavera de 1944, com o mundo envolvido no maior conflito bélico de toda a história, uma família deixava Joinville para residir em São José, na Grande Florianópolis. Formada pelo casal e doze filhos; apenas sete acompanharam a família. Três estavam casadas em Joinville, uma havia falecido ainda criança e um irmão integrava o 2º Escalão da FEB - Força Expedicionária Brasileira - lutando contra o poderoso exército alemão no teatro de guerra da Itália. 

Entre os sete irmãos havia um menino de 8 anos encantado pela magia do Natal. Nos dia que antecediam a chegada da comemoração do nascimento do Salvador, ele não escondia sua alegria e não parava de falar sobre chegada de Papai Noel. Para a sua decepção, naquele ano o tão esperado Papai Noel não viria. Não que fosse impedido pela guerra, mas pela cultura dos moradores da região. 

Na tarde de 24 de dezembro de 1944, a bondosa mãe anunciava que os anjinhos viriam ornamentar a árvore e que as crianças estavam impedidas de se aproximar da casa até que os enviados de Jesus terminassem a tarefa.

A propriedade possuía uma grande chácara com muitos pés de café. A colheita dos frutos era um dos serviços geralmente executados pelos irmãos menores. Enquanto a árvore era ornamentada, cada um recebeu a instrução de encher uma lata com frutos maduros de café. A habilidosa mãe utilizada conhecimentos herdados de seus pais e transformava os grãos vermelhos em fino e aromático pó preto, servido para a família na forma de deliciosa bebida.

Depois de colher a quantidade de café suficiente para encher as latas as crianças ansiosamente aguardavam a chegada de Papai Noel. O que aconteceu foi uma ordem transmitida por uma irmã adulta, para que cada um organizasse um cocho com capim picado para a alimentação do burrinho que conduziria o Menino Jesus. E o Papai Noel? - queriam saber.

Veio então a explicação que naquele ano a entrega dos brinquedos seria feita pelo Menino Jesus que viria montado num burrinho. Sem muito entender, o menino e suas irmãs se lançaram à tarefa de cortar capim. Ao terminar, veio o anúncio que Menino Jesus havia chegado. Já na ampla sala de frente para o mar onde estava o grande pinheiro natural ricamente ornamentado e com pequenos castiçais de metal presos em seus galhos, já com velinhas coloridas, a mãe indicava a quem pertencia cada presente. 

Eram presentes simples; bonecas, carrinhos e outros presentes para as meninas; Pequena bola de borracha, carrinho com rodas de madeira fixadas com pregos e gaita de boca com apenas uma fileira de furos para o menino, e uma saborosa macã argentina para cada criança. Para o menino que aguardou com tanta ansiedade a chegada do Natal, os presentes em baixo do pinheirinho confirmavam a existência do Menino Jesus. 

Apesar de viver momentos da maior felicidade, havia dúvida sobre o burrinho - será que ele existe de verdade ? Curioso, como todas as crianças, se dirigiu ao local onde havia deixado a ração para o jumento. Ao constar que o capim havia desaparecido, rapidamente concluiu que o animal havia se alimentado do capim, não teve dúvidas sobre a veracidade da história. 

Desde então, o menino passou a esperar o Menino Jesus todos os anos, sem esquecer de deixar o capim para a alimentar o burrinho.

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