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CAMPO & CIDADE

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  • - Onévio Zabot - Engenheiro agrônomo e servidor de carreira da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) - Membro da Academia Joinvilense de Letras

MAX MOPPI - Onévio Zabot

Quem circula pela rodovia SC 418 - antes estrada da Serra Dona Francisca -, sente-se envolvido por atratividades inusitadas. A exuberante paisagem encanta, e as pessoas - amor de boa gente -, expressam este sentir-se em casa. Hospitalidade à mão cheia. Floridos jardins, e belas moradas. Águas dançantes. E não poderia faltar a mesa farta, manjares dos desuses. Gastronomia típica. Ambientes aconchegantes.

Ao achegar-se, a cortesia salta aos olhos. Gente faceira, e não é de agora. Alambiques centenários esmagam cana-de-açúcar. Cachaça envelhecida, atração permanente. Mas, há muito mais que isso. Restaurantes típicos, repolho roxo com marreco e aipim, este tradicional. A novidade: pastel de palmito e ingredientes mais. Sabores instigantes.

Cada sitiante, uma flor a provocar os olhos dos transeuntes. Ornamentais, bananeiras, pupunheiras, bosques de juçara... Um mundo à parte, pois quem desce a serra ali encontra o sossego do vale fértil - águas mansas. E quem sobe se prepara, respira fundo para suplantá-la, águas rebeldes ecoando.

Dentre as atratividades - e são tantas -, basta escolher. Desde à simples banca de frutas, às sofisticadas peças de arte, tudo guarda relação. Capricho à vista. E os jardins então. Ali, Deus fez sua parte - e é maravilhosa-, mas o homem, percebendo este viés, mãos à massa, agradece ao Criador pincelando espaços e ambientes.

Quem - dos mais achegados -, não se lembra de Max Moppi, figura carismática. Amor de pessoa. Alto, espigado, olhos azuis, braços fortes- extremamente cativante -, típico descendente dos povos germânicos encravados no continente americano. 

Certa feita papai veio a Joinville. Não pensei duas vezes 

 - Vamos visitar o Opapa Max Moppi. Conversa boa, de pioneiros. Papai lá do setentrião, e Max Moppi das encostas da Serra do Mar. Prosa inesquecível de bravos colonizadores. Algo em comum os unia, a boa terra, a luta incansável por dias melhores. Pouco a reclamar, muito a regojiza-se, pois ambos tinham a exata noção com quantas mãos o mundo é construído. Eterno aprendizado dos dias.

Ali, gerações emolduraram e configuram a paisagem. Max herdou do avô colonizador, o instinto mateiro. E Norberto o sucedeu... Alegre e jovial, e sobretudo carismático. Mas o bastão, espécie de corrida de quatro por quatro, segue adiante. Max Junior e Bruno - sucessores -, lá estão dando continuidade à saga da da família Lütke. Além da lavoura muito bem cuidada: banana, cana-açúcar, pupunheiras e hortaliças, o restaurante, hoje, sofisticado. Antes disso apenas um campo de futebol, rústica verdureira. Lavouras. O alambique.


Jackson Zanco/ Secom// 2014: Udo Döhler visita o produtor de cachaça Afonso Lutke, 94 anos, em seu alambique

Maravilha! tudo mudou para melhor. Moderno restaurante serve refeições típicas e disponibiliza alimentos artesanais da região. Novíssima geração, outros tempos. E do velho alambique, o que restou? Bruno está dando um passo ousado, legaliza-lo.

Falando da rodovia SC-418 há muito mais... As estradas marginais, adjacentes. Languidez a perder de vista. Enclave de surpresas em cada curva adormecida.

Segundo Herculano Vicenzi, emérito jornalista dos campos, a maioria, estradas sem saída. Terminam no pé da serra. E pronto. Dali, apenas insistem em recuar.

À esquerda de quem parte de Pirabeiraba desdobram-se: estrada Mildau, Guilherme, Francisco Fleith, Rio da Prata, Isaque. E lá no alto da serra, a estrada do Rio do Júlio, um capítulo à parte, barragens e pousadas. À direita, estão a estrada do Pico, acesso I e II, e Quiriri. Sim o Vale do Quiriri - rio do sono -, encantador sobre todos os aspectos. E lá no alto da serra, a estrada Laranjeiras umbigada com Campo Alegre, abriga o pico culminante de Joinville: a Serra Queimada com 1325 metros. Campos de altitude. Nos invernos rigorosos cobre-se de gelo: geadas e nevascas por lá.

Max Moppi, portanto, é apenas a ponta de um iceberg neste território prodígio, cuja boa gente, e a exuberante paisagem, surpreendem e encantam. 

 Joinville, 26 de dezembro de 2020

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