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CAMPO & CIDADE

Ruralidades - Saberes e sabores - Onévio Zabot

  • - Foto: Onévio Zabot - Engenheiro agrônomo e servidor de carreira da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) - Membro da Academia Joinvilense de Letras

Ato singelo, mas de largo significado: o Pórtico de Joinville acolhendo saberes e sabores: aromas do campo. E que glamour! habilidades da boa gente, boa gente da terra, terra dos príncipes. Ruralidades à flor da pele preservadas e devidamente resgatadas, e mais: à carga de quem de bom gosto. Promover o rural, novos tempos à vista.

Antes já se encontravam produtos coloniais nos mercados de bairro e na Casa Kruger; agora (Eureca!) também no Pórtico, na rua XV de Novembro. E põe criatividade nisso. Tudo nos mínimos detalhes. Minúcias a encher os olhos. Marisa, guerreira da municipalidade, não se contém: "Mais um sonho realizado enfatiza, não
sem uma palhinha de orgulho. "Sonho comum agora a disposição de todos: turistas e fãs da boa gastronomia colonial", emenda o agrônomo Luiz Calos da Maia da Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente.

Ao lado, na Expoville, durante a solenidade, ocorria a Interplast - evento marcante: Feira e Congresso da indústria do plástico (Interplast). Efervescência no entorno, portanto. Visitantes circulavam. Muitas fotos. Café colonial, chopp, gastronomia típica. Jardim impecável. Muito zelo em tudo; percebia-se claramente.

Naquele momento ocorreu-me outros tempos por ali. É claro, a Expoville - uma tacada de mestre do prefeito Nilson Bender -, deu largada a exitosa empreitada. Num local único visualizava-se amostra, linha de produtos da pujante engenhosidade joinvilense.
Mais tarde, o prefeito Luiz Henrique a amplia; acrescenta ao complexo o Pórtico e o Moinho de Vento, modelo encontrado na Europa, principalmente na Holanda. Torre e hélices enormes, ao alto. Despertava curiosidade dos circulantes.

Ora, ali, qual a razão?! Até hoje, questiona-se: porque ali, ali porquê. "A certas vitoriosas que não devem ser comemoradas", afirmava Barão do Rio Branco. Mas por outro lado, evocando Vitor Hugo: "Ninguém resiste a uma ideia cujo tempo chegou".

A continuidade, a manutenção, um eterno desafio, no entanto. Por longo período o pórtico ficou meio que relegado, paranhos sobressaiam. As hélices do moinho paralisadas. Inertes. Telhado carecendo de reparos. Apenas a Expoville brilhava com exposições e congressos.

Mas, agora, não! Agora, ali, tudo resplandece. Mas qual o milagre? Qual a mágica? Simples. Jogo do ganha-ganha, fruto de parceria entre o Poder Público e a iniciativa privada. Casamento com separação de bens, núpcias, porém de interesse comum: despertar de potencialidades. Geração de emprego e renda.

O local não deixa de ser privilegiado. Espaçoso. BR-101 ao lado. Viaduto. Lago. E a rede de apoio: posto de combustível e rede hoteleira. E logística. A partir dali, acessa-se facilmente à rodovia do Arroz, rumo ao Vale do Itapocú e do Itajaí. E, ao norte, rumo à Serra Dona Francisca, Guaratuba e Curitiba. E, ao sul, Itajaí e Florianópolis.

Luiz Gomes - então prefeito de Joinville -, afirmava que o triângulo compreendendo entre Itajaí, Blumenau, Jaraguá do Sul, Joinville, São Bento do Sul e Curitiba, em termos de Brasil, faz a toda diferença. Não apenas pelo complexo industrial e portuário, mas sobretudo pela dinâmica empreendedora de sua gente.
Ombreia-se, neste aspecto com o que há de mais avançado no mundo. Crescimento chinês. A comprovação: basta verificar a consumo de energia elétrica: no pico, mais de 10% ao ano.

E ressalte-se: desenvolvimento sustentável do ponto vista econômico e social. E também ambiental, com destaque para o espigão verdejado da Serra do Mar, patrimônio intocável. Ainda sobre o Pórtico comentava com Eduardo, empresário do setor plástico: - Acompanhamos alguns passos dessa jornada. Percalços de toda a ordem.

Antes de duplicação da Br-101, e da construção do viaduto, a travessia da rodovia era traumática. Ônibus lotados de passageiros aguardavam um bom tempo para cruzá-la. A Câmara de Vereadores - capitaneada por Arinor Vogelsanger, empresário do Vila Nova -, chegou a promover uma sessão extraordinária em pleno asfalto, paralisando a rodovia. Gesto extremado, certamente. De outro lado, o DENIT e a prefeitura não se entendiam quanto a um pequeno trecho - chegada na rodovia. Permanecia sem calçamento. Barro e muita poeira, por ali, incomodavam.

Esses, no entanto, são outros tempos. Para perceber as mudanças basta verificar que o pórtico, além de informações turísticas, abriu espaço para a comunidade rural, isso engrandece sobremaneira o ambiente rural.
Ressalte-se: somente a Associação Joinvilense de Agroindústrias Artesanais Rurais (AJAAR) congrega em torno de 60 empreendedores. E como âncora de apoio, a sólida base rural: cerca de 1700 famílias dedicam-se a atividades agropecuárias no município; e a população rural - segundo o IBGE -, atinge 17 m mil habitantes - a maior de Santa Catarina.

A todos que contribuíram para o êxito projeto - Prefeitura e Epagri -, e, em especial, aos empreendedores rurais integrantes da AJAAR pela oportuna ousadia -, gratidão e reconhecimento.
A destacar: com o gesto não apenas resgata-se a autoestima rural - mulheres e jovens à frente -, como sobretudo revelam-se talentos. Criatividade e engenhosidades sobressaem.
E cá entre nós: isso é exercício de cidadania no pleno sentido da palavra. Recomendamos, portanto. Vale apenas dar um pulinho na Casa Kruger e no Pórtico de Joinville. Novos tempos. E muita ousadia. E que boa gente. Alvissarás!


Joinville, 8 de abril de 2022


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