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LETRINHAS DO RDB

Herculano, hercúleo em distribuir amizades

O taioense Herculano Vicenzi viveu parte da vida em seminário, outra parte em redações, mas sempre esteve ligado à comunicação. Escrever causos do cotidiano e o que estava acontecendo com o homem do campo foram suas características. Cansou de dividir o cálice do vinho com o padre nas infindáveis missas como seminarista e partiu para Joinville em busca da graduação em letras, que nunca conseguiu concluir. Nem por isso deixou de deixar registrado em livros toda a sua trajetória.

Ainda na Taió de seus familiares teve o primeiro contato com a escrita, quando foi o responsável pela publicação do jornal do Lions. Este seria seu currículo para pedir empregado para Nerval Pereira, em A Notícia. A estratégia funcionou. Logo estava escrevendo num jornal de verdade. Sabia tudo o que se passava nas paróquias e que sempre rendia algumas notinhas para divulgação.

A escrita para valer surgiu quando apareceu a chance das primeiras reportagens sobre as colheitas e tudo o que estava relacionado com o homem do campo. Não demorou para ganhar a identificação de Hercolono. E quando foi dar uns mergulhos etílicos na produção de Max Mopi, voltou a alcunha de Alcolono, uma mistura bem pura que indicava para a melhor cachaça da região de Pirabeiraba.

A relação com A Notícia e reportagens da colônia agrícola estava indo às mil maravilhas até que teve um enrosco com o chefe Nerval. Era o suficiente para ser dispensado. Não teve muito tempo de lamentações, pois Toninho Neves requisitou seu trabalho de talento para reforçar o Jornal de Joinville. Ao lado de Adílson Borges, Herculano teve uma produção que fez o jornal dos Diários Associados fazer frente com o concorrente.

Nerval percebeu que precisava esquecer a birra com Herculano e fazer o antigo pupilo voltar para o antigo endereço. É ai que entro nesta história. Estou nos meus afazeres no JJ e Herculano me avisa: “Estou indo para outro lugar (trabalho) e você vai junto”. Escutei e não dei asas para imaginação. No outro dia, lá está ele outra vez na minha frente para avisar: “O lugar que vou é A Notícia, aliás voltar, e você precisar ir lá para fazer um teste”.

Ai a conversa ficou mais animada. As manhãs de folga no Jornal de Joinville usei para fazer teste em A Notícia. Deveriam ser 15 dias de teste, mas logo no segundo dia ganhei a aprovação de Alaor Lino da Silva. Foi quando completei meu primeiro ciclo no jornalismo, com um ano e dois meses. Daí para frente foram 13 anos e cinco meses na minha primeira passagem por A Notícia.

Herculano sempre me dizia que fiquei devendo pagar para ele a comissão pela indicação. Cometi esta grave falha, mas sempre tive gratidão e o reconhecimento pelo cidadão Herculano Vicenzi, menos quando por diversas vez, como era de seu hábito, querer me dar um apelido. “Oh, Formigão”, exclamava aos brados, enquanto respondia rapidamente: “E aí, Hercolono”. E tudo ficava no mais puro silêncio.

Em silêncio fica a redação, que aos sábados de manhã era um show particular de Herculano. Passava de mesa em mesa, com seus passos lentos e bem calculados, olhando para um e para outro até que encontrava uma maneira de identificar sua próxima vítima. E ai quem tentasse encará-lo. Logo disparava: “Seu burro de um burro”.

Herculano, siga para a eternidade com a certeza de ter feito o seu melhor, sempre em benefício dos amigos e das amizades.

Herculano Vicenzi, sempre com seu inseparável chapéuFoto: Binho Borba

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Esta é uma das crônicas que fazem parte de uma futura publicação, que terá o nome de “Glória´s do Menino Jornalista”, uma coletânea com mais de 600 textos em que relato fatos marcantes de minha vida e a trajetória no jornalismo joinvilense e catarinense. Apoiadores e patrocinadores são bem-vindos.

Aguardo seu contato para prestar mais detalhes, através do e-mail: rdbjoinville@gmail.com

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