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CINE CAFÉ

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  • - Victória Destefani Silveira de Souza - Apaixonada por cinema é estudante do Curso Técnico em Turismo no IFC, Campus São Francisco do Sul

A RELAÇÃO ENTRE O CINEMA E O NAZISMO - Victória Destefani

Hitler era um grande fã de cinema. Todas as noites ele escolhia um filme para assistir em seu cinema particular. A paixão de Hitler pela sétima arte ia além de filmes de cinemas. Ele, como bom ditador, sabia do poder que essas produções exerciam sobre a população.

Antes da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha era a segunda maior rede de exportação de películas de Hollywood, ficando apenas atrás do Reino Unido. A indústria cinematográfica ainda estava dando seus primeiros passos, mas alguns dos estúdios tradicionais, como Paramount e Universal, iniciavam suas produções no ramo. Em janeiro de 1925, o governo introduziu o sistema de cotas, onde um filme estrangeiro era importado para cada filme alemão.

A censura do Partido Nazista, que ganhava apoio dos germânicos, era tão forte que o medo de repressão fez com que a indústria tomasse maior cuidado com suas produções. As coisas começaram a ficar mais claras em 1930, quando o filme Sem Novidades No Front foi lançado. A produção mostrava os soldados alemães como realmente eram: pessoas comuns, falíveis. 

Na Alemanha o Partido Nazista criticou massivamente a obra e exigiu cortes e uma nova versão do filme foi lançada. Os filmes estadunidenses passaram a ser mais vetados, e qualquer produção que tivesse algo que fosse contra os "valores alemães" era censurada. Ben Urwand, em seu livro O Pacto entre Hollywood e o Nazismo, afirma que de 1933 a 1940 os nazistas examinaram mais de quatrocentos filmes estadunidenses. A censura alemã passava também pelo Ministério da Propaganda de Goebbels.


Goebbels dava a palavra final sobre se o filme seria ou não exibido em solo germânico. Os motivos para vetar as produções eram diversos, e nem King Kong ficou de fora. A relação do cinema com a Alemanha de Hitler contribuiu com a perseguição dos judeus. Em 1933, os judeus foram proibidos de participar de produções cinematográficas alemãs.

Não demorou muito para que outras empresas estadunidenses tivessem a mesma atitude, já que o medo de uma censura aos filmes era grande. Para finalizar o pacto entre o cinema e a Alemanha de Hitler, a Paramount escolhe como gerente filial um membro do Partido Nazista. Um ano depois, a Fox enviou uma carta ao escritório de Hitler, pedindo que opinasse sobre o cinema hollywoodiano, e ainda finalizaram o pedido com "Heil Hitler".

Nesse período, apenas três estúdios seguiam em solo germânico: MGM, Paramount e Twentieth Century-Fox. Mas em 1939, a censura permitiu a entrada de 20 filmes de Hollywood nos cinemas alemães. A Segunda Guerra Mundial começou em setembro desse ano e, partir de então, a indústria cinematográfica ganhou força com produções antinazistas, sendo um problema a ser enfrentado pelos ditadores. Apesar de Confissões de um Espião Nazista ter abalado o cinema alemão, O Grande Ditador causou muito mais polêmica ao tirar sarro de Hitler, retratando-o como um imbecil megalomaníaco.


Apesar do estrondoso sucesso da produção de Chaplin, o filme quase não aconteceu. A ameaça nazista foi tão forte, que Chaplin cogitou desistir do projeto. Mas o filme aconteceu e foi censurado não só na Alemanha, mas também na França, que já havia sido conquistada por Hitler. 

Após a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha havia visto em primeira mão um dos locais onde o assassinato de judeus tivera lugar. Mas não colocaram isso na tela. A indústria de cinema doméstica levou anos para se recuperar, e as plateias foram capazes de assistir a todos os filmes de Hollywood que haviam perdido durante a guerra.




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