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Vacinação de crianças no Brasil: o que sabemos até agora

  • BBC -

De forma simbólica, a vacinação de crianças na faixa etária de 5 a 11 anos contra a covid-19 começou na sexta-feira (14/01) no Brasil.
O menino indígena Davi Seremramiwe Xavante, de 8 anos, recebeu a primeira dose do imunizante da Pfizer no Estado de São Paulo.

Apesar disso, ainda há muita incerteza sobre o calendário e a disponibilidade de doses para que a campanha avance de fato.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou a aplicação da vacina Comirnaty (da Pfizer-BioNTech) em crianças de 5 a 11 anos no dia 16 de dezembro de 2021.

O parecer levou em conta dados disponíveis sobre a eficácia e a segurança da vacina, que foram analisados por diferentes profissionais da área da saúde, contando com a participação de especialistas externos de diferentes sociedades médicas brasileiras.

Além disso, de acordo com a agência, a análise também considerou o relatório da aprovação da FDA (Food and Drug Administration), agência regulatória dos Estados Unidos, assim como o cenário de aprovação internacional das autoridades que possuem medidas semelhantes a do Brasil.

O governo federal também fez uma consulta pública sobre o tema, com o objetivo de "informar e conhecer as dúvidas da população sobre a vacinação de crianças". O debate foi encerrado no dia 2 de janeiro e não gerou mudanças na aprovação.

Quando a campanha para vacinar crianças vai começar?
A chegada dos primeiros lotes da vacina no Brasil aconteceu na última quinta-feira (13/01). O Ministério da Saúde está agora enviando os imunizantes para todos os estados, e é responsabilidade do governo estadual distribuir as doses aos municípios e definir a data de início da vacinação.

Quais as vacinas disponíveis?

Por enquanto, a única vacina disponível contra a covid-19 para crianças é a Pfizer-BioNTech. A análise da Anvisa concluiu que, quando administrada no esquema de duas doses em crianças de 5 a 11 anos de idade, o imunizante é seguro e eficaz na prevenção da covid-19 sintomática, na prevenção das forma grave e potencialmente fatal da doença.

Em agosto de 2021, o Instituto Butantan também chegou a pedir o uso emergencial da CoronaVac em crianças a partir de três anos, mas a diretoria da Anvisa rejeitou por unanimidade alegando falta de dados que comprovassem a eficácia e segurança.

Novos documentos foram enviados em dezembro, e o Ministério da Saúde tem, a partir de hoje, mais 13 dias para analisá-los. De acordo com a assessoria de imprensa do Instituto, os trâmites como reuniões e envio de documentos estão acontecendo para que a aprovação aconteça em breve.

A Moderna, farmacêutica norte-americana que desenvolveu um dos imunizantes capazes de agir contra o Sars-CoV-2 e atualmente é usado nos EUA e em outros países, pretende divulgar os resultados dos testes em março. Se os dados forem propícios, a empresa poderá entrar com pedido de autorização para aplicar a vacina em crianças menores. No entanto, como a vacina da Moderna não está disponível para adultos no Brasil, é menos provável que ela fique disponível para as crianças brasileiras, ao menos nos próximos meses.

Quais evidências indicam que a vacina é segura e eficaz?
A vacina tem dosagem e composição diferentes daquela utilizada para os maiores de 12 anos. A formulação da vacina para crianças será aplicada em duas doses de 0,2 mL (equivalente a 10 microgramas), com pelo menos 21 dias de intervalo entre as doses. Para evitar confusões, o imunizante leva uma tampa laranja, diferente da versão para adultos, que tem um fecho azul.

Para aqueles que completarem 12 anos entre a primeira e segunda dose, a recomendação da Anvisa é continuar com a dose pediátrica da Pfizer.

Em outubro de 2021, estudos de fase I, II e III mostraram que a vacina é segura e mais de 90,7% eficaz na prevenção de infecções em crianças de 5 a 11 anos. São esses testes que garantem que a vacina não é "experimental", mas adequada para as crianças. A principal pesquisa acompanhou 2.268 pessoas de 5 a 11 anos que receberam duas doses da vacina ou placebo, com três semanas de intervalo. A resposta de anticorpos neutralizantes foram similares às observadas em adolescentes e adultos de 16 a 25 anos.

Por que é importante vacinar crianças?
"Os principais benefícios são aqueles encontrados nos estudos de fase 3, que analisa vacinados e indivíduos em um grupo placebo. Os resultados mostraram que o imunizante evita quadros graves e óbitos de crianças por covid-19 e 90% dos analisados sequem desenvolveram sintomas", aponta o infectologista Alexandre Naime, que atua no Hospital das Clínicas de Botucatu (SP).

A imunização também ajuda a proteger quem está em volta dos pequenos, como outras crianças que ainda não atingiram idade elegível para receber a primeira dose. "Sabemos que um indivíduo sintomático transmite muito mais do que assintomático, e por isso, as chances de disseminar a doença caem", aponta Naime.

Outro benefício secundário importante é que essas crianças pode frequentar a escola com maior segurança, tendo a oportunidade de manter o aprendizado de forma tradicional e de socializar com colegas da mesma idade.

"Também observamos que os eventos adversos são, em maioria, leves", explica o infectologista.

Recomendações
Não há a necessidade de autorização por escrito, mas ao menos um dos responsáveis precisa acompanhar a criança no momento da aplicação. Ambos devem levar documento de identificação.

Para crianças com comorbidades é necessário levar o laudo de comprovação do quadro.

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Há, ainda, a recomendação de que o imunizante contra a covid-19 nas crianças não seja administrada de forma simultânea a outras vacinas do calendário infantil. Por precaução, a Anvisa estabeleceu um intervalo de 15 dias entre outras vacinas.

Efeitos adversos como dor, inchaço, vermelhidão no local da injeção, febre, fadiga, dor de cabeça e calafrios podem acontecer. Os pais ou responsáveis devem ser orientados a procurar o médico se a criança apresentar dores repentinas no peito, falta de ar ou palpitações após a aplicação da vacina.

Como a vacinação ocorrerá em cada estado brasileiro
A ordem de vacinação estabelecida pelo Ministério de Saúde será:

1 - Crianças de 5 a 11 anos com deficiência permanente ou com comorbidades;

2 - Crianças indígenas e quilombolas.

3 - Crianças que vivem em lar com pessoas com alto risco para evolução grave de covid-19,

4 - Crianças sem comorbidades, na seguinte ordem sugerida:

4.1 - Crianças entre 10 e 11 anos;

4.2 - Crianças entre 8 e 9 anos;

4.3 - Crianças entre 6 e 7 anos,

4.4 - Crianças com 5 anos.

No entanto, cada estado (e em alguns casos, municípios), podem apresentar diferenças na logística de vacinação.

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