A vontade de um atleta não tem dia, nem horário para entrar em campo. Pode estar um sol de rachar ou mesmo caindo um dilúvio. Pela cartilha de David da Graça, o Cocada, esta era a senha para se esforçar até o último segundo. E foi com os olhos de um garoto que gravei a imagem daquele sábado chuvoso e o gramado (aquilo era mais uma piscina) do Estádio Paulo Eicholz não reunia as mínimas condições para a bola rolar.

Lá estava eu, ao lado de meu pai, torcendo mais uma vez pelo alviverde, numa tarde que era para ser de alegria. Estava iniciando mais um festival e a promessa de terminar com a barriga cheia saboreando um apetitoso cachorro quente, com direito a melhor mostarda do Stein. Além de ser o jogo de estreia do centroavante Daniel.

Tudo foi mesmo por água abaixo. O time não rendia. A bola parava a cada poça de água. Enquanto o adversário estava ficando bem à vontade para ir marcando. O impaciente Cocada chamava a responsabilidade dos companheiros, mas não tinha jeito de ouvir uma resposta. E quem seria aquele time de camisas listradas na vertical que estava tirando Cocada do sério. Nem quis saber naquele momento. Alguns anos depois foi descobrir que se tratava do Sulista, o tricolor do bairro Guanabara.

O Futebol Joinvillense, em sua página no Facebook, postou um resumo da Primeirona de 1964, que teve o Juventus como grande campeão, enquanto o Glória ficou na rabeira apesar de toda a raça e disposição do experiente Cocada. Eu passei mais um ano na espera de um novo festival e a chance de saborear outro cachorro quente. Vencer? Isso o Glória faz até os dias atuais, pelo menos em minha imaginação.

Campeonato da 1ª Divisão Extra de Profissionais da Liga Joinvilense de Futebol

2º turno - 3ª rodada

Sábado (3 de outubro de 1964)

Estádio Paulo Eicholz

Glória 1 x 2 Sulista

Campeão Juventus, vice Aventureiro, 3º Fluminense, 4º Sulista, 5º São Luiz, 6º Glória, 7º Estrela, 8º Santos

(Fonte: O Futebol Joinvillense)

Esta é uma das crônicas que fazem parte de uma futura publicação, que terá o nome de "Glória´s do Menino Jornalista", uma coletânea de textos em que relato fatos marcantes de minha vida e a trajetória no jornalismo joinvilense e catarinense. Apoiadores e patrocinadores são bem vindos.

Biografia

A minha trajetória na imprensa começou oficialmente em agosto de 1975, no extinto Jornal de Joinville. O maior período de atuação, mesmo distribuído em duas oportunidades, foi em A Notícia, por exatos 24 anos e oito meses. O rádio entrou no meu currículo em 1991, iniciando na Difusora AM 1480, e, depois, também na Globo (atual Clube) AM 1590. Em televisão, foram algumas intervenções nos campeonatos catarinenses de 1995 e 1996, pela RBSTV (atual NSC) e ainda no canal por assinatura TV da Cidade. O esporte faz parte de minha vida desde antes do nascimento e sigo nesta caminhada até os dias atuais.