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CAMPO & CIDADE

Mosqueteiros das palmeiras

  • - Onévio Zabot - Engenheiro agrônomo e servidor de carreira da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) - Membro da Academia Joinvilense de Letras

Da redação - Onévio Zabot  - 8/10/2022 - Certamente, o arrojo desses pioneiros fez e fará a diferença, pois descortina novos horizontes. E que horizontes. Eureca, diria Arquimedes de Siracusa!

É claro há gargalos a ser superados: a questão tributária, por exemplo. A organização de produtores, agroindustriais e viveiristas - chave a ser girada.  É hora de abrir portas, de abrir janelas. Arejar. Divulgar.

Graças a estes ousados empreendedores a cadeia produtiva encima novos horizontes. Ressalte-se: temos outros pioneiros. Muitos outros, caso da família Michelluzi em Massaranduba.

Ah, e a linha de industrial amplia-se a olhos vistos:  patês, lasanha, espaguete. E agora, creme para pizzarias. A linha vegana também se consolida. Desperta a clientela.

Enfatiza: tudo, no entanto, pode ser aproveitado. E demostra isso na unidade agroindustrial. Compostagem e aproveitamento da fibra. Adubo de um lado. E vasos de xaxim de palmeira de outro. Mas quer ir mais longe: folha para alimentação animal. Exibe análise de teor proteico. Equivale ao milho com espigas. Milho forrageiro.  Daí estar projetando um confinamento na propriedade ao lado, onde cultiva 50 hectares de palmeira real. Coisa de um milhão de pés.

- Vejam vocês de cada palmeira de cerca de 20 kg - ponto de colheita - aproveitamos apenas, em média: 500 gramas. O palmito propriamente dito. Casca, outros 4 kg, ficam na indústria. E o restante: folharada na lavoura.

-  Podemos mais, enfatiza. E comprova.

Fantini aborda um tema caro aos presentes. Gesticula. Olhar vivo. Provocador, mas ao mesmo tempo, desafiador:

O start verdadeiro, no entanto, ocorreu com uma matéria veiculada no Programa Globo Rural. Provoca uma espécie de corrida do ouro.  Consolida a atividade.

Após discorrer longamente sobre o começo de tudo. Isso lá atrás, década de 1990. Do desafio de coletar sementes e produção de mudas. Do financiamento junto ao BRDE. Fez o primeiro projeto. Lembra do encontro em Guaramirim, iniciativa da Associação Comercial, Industrial e Agrícola (ACIAG). Da relevância da família Jhan, tradicional fabricante de conservas. De Marilene Bovi, sumidade do Instituto Agronômico que palestrou no evento. A partir dali expandiram-se os cultivos na região. O primeiro boletim didático costurado entre técnicos e produtores, um senhor desafio. Mas como "o caminho se faz ao caminhar (Antonio Machado)", as peças foram se encaixando ao longo da jornada. Mais acertos que erros, certamente.

Á tarde, a esperada visita: NatuPalm em Porto Belo. Edson Fantini e Paolo Fantini, filha - nos recebem na planta industrial. O diferencial: Fantini, investe em tecnologia. Busca contato não apenas como a Epagri, mas especialmente com a Universidade Federal e a FURB.

Sabemos que temos duas espécies de palmeira real. A Archontophoenix cunninghamiana e a Alexandrae, ambas oriundas da Austrália. Palmeiras de rara beleza - proeminentes -, foram introduzidas como planta ornamental, conhecida então como seafórtia. Segundo o mateiro Elói Moloies que, uma vez descoberto o potencial da mesma, coletou sementes na região: cerca de 100 mil exemplares distribuíam-se no triângulo: Joinville, Blumenau e Itajaí.  Década de 1980. Hoje, são milhões de pés. É claro, cultivados. Cabe ressaltar que a fauna urbana se forra com os frutos. Suculentos e energéticos, saciam-nas.

Após apresentação de novidades no que tange à nutrição vegetal - setor vital nos cultivos, pelo pesquisador Rafael Cantú -, a visita ao campo de experimentos. Ali, uma coleção de palmeiras provenientes de várias localidades - a joia da coroa. E um teste de progênie em andamento a menina dos olhos. Keny, pesquisador implantou e acompanha o ensaio. Espera lançar um cultivar. Seria o primeiro no mundo. Os produtores aguardam com enorme expectativa, pois há uma premente necessidade de elevar a produtividade das lavouras. Torná-las mais homogêneas. Ou por oura: reduzir a variabilidade.

E desta feita na capacitação, entre os presentes três mosqueteiros de nomeada: Edson Fantini de Porto Belo; Djalma Miranda do eixo Ilhota/Navegantes. E Morastoni, Timbó. Morastoni faz questão de apresentar a última novidade: arroz de pupunha. Embalagem com designers apurado. Atrativa.  Informações precisas. E o produto, então: visual destacado. Morastoni e Fantini, ambos são uma espécie de professor pardal. Antes de produtores e agroindústrias, ousam. Desenvolvem. Longe deles o comodismo. A mesmice. E Djalma Miranda - quase octogenário, engenheiro industrial com larga vigência em logística -, não foge à regra.

Mais uma reciclagem de palmeira real. Sim de palmeira real australiana. Agora na Estação Experimental da Epagri, em Itajaí. Mais precisamente no Centro de Treinamento Agrícola (Cetrei). Antes tivemos outras: palmeira juçara com duplo propósito: palmito e fruto. E pupunheira. Avançam os cultivos em terras catarinenses - litoral norte -, embora os sobressaltos. E neste particular não faltam protagonistas. Ou por outra desbravadores, pois se trata de culturas introduzidas recentemente. Vintenária. A juçara, é claro, vem de antes, mas como extrativismo. Tirado da mata.  Quanto ao cultivado, é recente a tecnologia disponibilizada. Espécie ombrófila, exige cautelas.

Há certas pessoas, cuja trajetória, sobressai. A imagem, a energia que os move, projeta uma auréola luminosa; percebe-se claramente.


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