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CAMPO & CIDADE

Lúpulo Cervejeiro

Lúpulo cervejeiro, eis a bola da vez no campo. De meros importadores, ultimamente passamos a produtores. Há uma febre, febre
lupuleira no ar. Espécie de corrida do ouro. E não faltam aventureiros. Daí, como diz o ditado popular: - “Toda a cautela ser pouca”.

Em eventos técnicos, o alerta: precisamos de mais informações para difundir o cultivo em escala comercial. Esta foi a conclusão de técnicos e produtores no I Fórum Norte Catarinense Sobre cultivo do Lúpulo, realizado no Instituto Federal – Campus de Araquari (5/12/2023).

A doutora Cristina Pandolfo da Epagri/Ciram discorreu sobre o Zoneamento Agroclimático e sua importância para embasar e apontar
áreas favoráveis ao cultivo. Ressaltou que além da temperatura e da precipitação pluviométrica, há que se levar em conta as características fisiológicas da planta, em especial das espécies cultivadas. São mais de 300. Uma centena delas encontra-se registradas no Ministério da Agricultura.

Por sua vez o doutor Sato – presidente da Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (APROLUPULO) - professor da Universidade Federal do Paraná – Campus de Palotina - discorreu sobre sistema produtivos. Alguns já disponíveis, mas, grande parte deles, em fase pesquisa.

No momento, portanto, embora inexista um protocolo definido sobre a cultura em terras brasileiras, cultivos avançam. E Bela Vista do
Toldo, no planalto Norte, desponta como polo produtor. Maior área cultivada em SC.

Introduzido no Brasil - supõem-se -, por imigrantes alemães no Rio Grande do Sul nos Idos de 1824 - por longo tempo permaneceu como uma planta trepadeira de fundo quintal. Alguns cervejeiros artesanais ousavam aproveitá-lo. Mas a grande indústria cervejeira sempre recorreu à importação. Cerca de 1700 toneladas/ano.

Os maiores produtores mundiais são respectivamente EEUU e Alemanha. A área cultivada no mundo gira na faixa de 60 mil hectares. E a produção, em 142 mil toneladas. A Etiópia aprece como grande produtora, porém segundo Sato, trata-se de planta assemelhada com o lúpulo. E não o lúpulo propriamente dito.

Originalmente plantado para a extração de fibra; posterirormente veio a contribuir com a indústria cervejeira – emprego da lupulina contida em glândulas nos clones (ácidos alfa e beta e polifenóis) -, emprestando-lhe sabores, aromas e amargor. E, hoje, avança na área farmacêutica, aproveitamento de óleos essenciais, por exemplo.

O calcanhar de Aquiles, contudo: o risco fitossanitário, o custo elevado de implantação da lavoura, a colheita e pós-colheita. A flor –
donde se extrai a lupulina deve ser colhida na hora certa, sob pena de perda de qualidade. Em caso de antecedência ou atraso na colheita, assim como na secagem, o risco de perda aumenta sobremaneira. Mesmo assim – tudo dando certo-, o alto retorno financeiro por unidade de área cultivada, atraí investidores.

Ah, uma curiosidade! o lúpulo possui plantas masculinas e femininas, respectivamente. Espécie alogama, portanto. E as femininas as
cultivadas. A razão: floradas abundantes. Mais produtivas, obviamente.

Da família Cannabaceae - primo da cannabis -, o Humulus lupulus (lobo pequeno, pois abraça a guia), requer “olho clínico”, ou por outra: muita acuidade por parte do produtor.

Certamente, não é seara para amadores.

 
Joinville, 9 de dezembro de 2023

Onévio Zabot
Engenheiro Agrônomo

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