A (Des)comemoração do Dia da Mulher - Elisa Silva & Stella Bousfield

Para uma grande escritora - que em um feito inédito figurou entre as 50 pessoas mais ricas do mundo, fruto do seu trabalho literário -, foi-lhe sugerido no início da carreira que usasse um pseudônimo masculino ou, no mínimo, um nome que não revelasse que ela era mulher, pois autores masculinos têm mais chances de sucesso.

Este fato não aconteceu no século 18, ele aconteceu recentemente no século 20, ilustrando de forma incontestável o imenso abismo entre homens e mulheres, isso nas artes, na ciência, na política e na maioria dos setores da sociedade. É por isso que as mulheres não podem se calar ou se omitir diante do machismo ou da sonegação histórica da igualdade de gênero. O Dia da Mulher não é, e não pode se tornar, um dia comemorativo, esse é um dia de protesto. Não queremos flores, queremos RESPEITO aos nossos direitos, queremos igualdade de fato.

                                                                                                                                                           Purebreak/

Troquemos a cor rosa por qualquer cor que simbolize nossa indignação e a rosa por uma nova realidade que destaque o nosso valor. Esperamos que no Dia da Mulher sejam desmascaradas expressões usuais, como guerreira, heroína, brava. Apenas sobrevivemos à sobrecarga de serviços, ao medo do estupro, do feminicídio, do assédio no trabalho.

Mas não basta apenas reagir. Vamos agir! Vamos lutar e nos tornar fortes, seja participando de grupos femininos, por meio de manifestações ou elegendo representantes do sexo feminino nos poderes executivo e legislativo.Não vamos mais nos esconder em pseudônimos. Vamos mostrar nossa cara. Amesma cara que encara os desafios, mas também visualiza um futuro muito melhor para todas nós.