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CAMPO & CIDADE

Ceasa de Joinville - - Onévio Zabot

  • - Onévio Zabot - Engenheiro agrônomo e servidor de carreira da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) - Membro da Academia Joinvilense de Letras

Luiz Henrique da Silveira, deputado estadual, federal, ministro da Ciência e Tecnologia, governador e senador da República convicto afirmava: - Governar é definir posteridades. Issointrigava muitos, pois o lema rotineiro era: governar é definir prioridades. E propagava a
assertiva aos quatro ventos. Assunto, certamente, para uma reflexão.
Tivemos o privilégio de conviver com este grande líder nos três mandatos de prefeito e também nos oito anos em que foi governador. Luiz Henrique, visionário que era, distanciou-se de seu tempo. Apostou todas as fichas na posteridade, prova disso foi a construção da ponte do trabalhador e o Centreventos Cau Hansen, entre outras iniciativas. Quanto ao Ballet Bolshoi dispensa comentários. Linkado, antes de decidir, ouvia a comunidade.

Alysson Paulinelli ao criar a EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - internaliza esta pegada no campo. E aí está: Brasil, o celeiro do mundo. Glauco Olinger, antes disso, ao lançar as bases da ACARESC, 1956, também ousa. Hoje, Santa Catarina, embora detenha 1,1% do território nacional é quinto produtor nacional de alimentos. E graças a visão de Atílio Fontana e Auri Badane-se atende a demanda de proteína de mais de 150 países. Coisa de bilhão de consumidores.

Por que está alocução quando o tema abordado é: CEASA de Joinville. Simples. Não há como falar da CEASA de Joinville sem inseri-la num contexto maior. Na década de 1960 o Brasil importava alimentos de origem animal e vegetal, desde produtos lácteos até frutas e verduras que, tranquilamente, podiam ser produzidas aqui.
No caso em tela, o que faltava? Obviamente saltava aos olhos. Uma política pública com visão estratégica. Paulinelli percebeu isso, daí implementar ações de longo prazo.

A China exercita essa matriz com maestria. Integração das políticas públicas com a iniciativa privada, assentadas na visão de curto, médio e longo prazo. Daí agigantar-se, antecipando-se às demais nações. Nesse sentido apenas engatinhamos. Via de regra, polêmicas espúrias sobrepõe-se. Lastimável isso tudo. Especialmente, salvo honrosas exceções, quando nos referimos às redes de comunicação que, descoladas da realidade, indevidamente provocam animosidades. Sejamos realistas: o ditado popular não perdoa os
incautos: - "Quem semeia ventos, colhe tempestade".

Mem tudo, no entanto, está perdido. Eis que dias nos deparamos com o documento: Rodoamap Estratégico Integrado - Desenvolvimento Ecossistêmico Regional, Territorial e Setorial do Agronegócio de Santa Catarina, uma iniciativa do Observatório da FIESC - (Federação das Indústrias de Santa Catarina. Coincidência ou não, centro de origem do PLAMEG (Plano de Metas Governamentais), levado a termo pelo então presidente da entidade, Celso Ramos. Com as digitais do Governo de Santa Catarina, Cidasc, Epagri e CEASA, ICASA, tendo como protagonista a FIESC e o IEL prospectaram-se potencialidades. Diretrizes para o futuro do agronegócio catarinense.

O sumário executivo da publicação deixa claro o intuito: "Promover o desenvolvimento ecossistêmico Regional, territorial, e setorial da agricultura, pesca e o meio rural, de forma integrada, é um desafio que foge à trivialidade, principalmente pelo natural dificuldade atrelada à necessidade de prever corretamente o que está por acontecer a curto, médio e longo prazo". Sabemos que mais importante do que o plano, é verificar como o mesmo é elaborado, especialmente   o envolvimento dos atores no processo. Daí a representatividade do mesmo: escopo realizado por especialistas, produtores, pescadores, técnicos e gestores. Workshops colheram subsídios. Indiciadores estratégicos foram elencados.

No caso da CEASA/SC foram 24 ações válidas e 20 ações estratégicas prospectadas. Nunca é demais destacar que quando falamos em agricultura familiar, em Santa Catarina, nos reportamos a um setor que movimenta dez bilhões de reais ao ano, com cerca de quintas mil pessoas ocupadas na atividade.

Eixos norteadores delineados.  Macrotendências e Tendências Setoriais prospectadas: 1) ambiental, 2) ambiente de negócios, 3) associativismo, 4) diversificação e agregação de valor, 5) geração e gênero, 6) gestão pública, 7) infraestrutura, 8) redução da desigualdade social e regional, 9) tecnologia e inovação.

Não cabe aqui, naturalmente entrar em pormenores, mas fica evidente que, além do setor de produção, o abastecimento urbano desponta como fator chave. Questão de segurança alimentar, bandeira do momento em nível mundial. Sustentar uma população de quase 8 bilhões de habitantes diariamente, eis um senhor desafio. Neste contexto as centrais de abastecimento que atuam em nível de atacado têm um papel fundamental. Incompreendidas por parte de segmentos especuladores, mas fundamentais na oferta de verduras e frutas e outros gêneros alimentícios em menor escala. Ao estabelecer um elo com a iniciativa privada, potencializam-se por políticas públicas que desempenham um papel importante na consolidação de cinturões hortifrutícolas.

Ademais, operam as CEASAS como: 1) centros de regulação do abastecimento (regiões, clima, espécie), 2) assegurar a livre concorrência, 3) escola de comércio, 4) evitar calotes, 5) centro de informação e tecnologia - e, 6) centro de formação de preços.
Nesse aspecto a CEASA, unidade Joinville, passa por uma transformação significativa. Deixa de ter um foco municipalizado, passando a ter abrangência regional, vinculada à central, a exemplo das demais unidades espalhadas no território.

Os desafios da fase de transição são enormes, mas imbuídos de boa vontade uma equipe composta por diversas entidades: prefeitura municipal de Joinville, associações de municípios: AMUNESC, AMVALI e APLANORTE, associações rurais, sindicatos e cooperativas, entre outras, capitaneiam o processo.

Por fim, ressalte-se: na última eleição municipal (2020) um documento explicitando este encaminhamento foi entregue todos os candidatos a prefeito e da região. Inciativa essa capitaneada pela Associação dos Engenheiros, tendo à frente, Anselmo Cadorin.
Com a ascensão Gilmar Jacobwski à presidente da CEASA/SC um grupo de trabalho foi constituído e, efetivamente, a partir da elaboração de um Plano de Ação, respaldado pelo plano estratégico da FIESC, prospecta-se novos rumos para a entidade. Novidades à vista, portanto.  


                                                                                                 Joinville, 12 de novembro de 2021











 




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