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CAMPO & CIDADE

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  • - Onévio Zabot - Engenheiro agrônomo e servidor de carreira da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) - Membro da Academia Joinvilense de Letras

ILHA DA RITA - Onévio Zabot

Na primeira década do terceiro milênio a Secretaria de Desenvolvimento Regional de Joinville (SDR) então capitaneada por Manoel Mendonça, organiza uma  visita à Ilha da Rita no complexo baia da Babitonga. O engenheiro Fernando Camacho de saudosa memória coordena as ações, juntamente com o reitor da UNIVILLE, Paulo Henrique Koentopp. Camacho de família tradicional da Babitonga notabilizou-se como diretor do Porto de São Francisco. Imprimiu um ritmo inovador. A ele, e à Arnaldo S'Thiago, devemos a modernização do Porto. Encravada na Baia da Babitonga, a Ilha da Rita, antes conhecida como Vicente Pinto - não deixa de ser um tesouro em face da exuberância da natureza. Ali tudo é encantador. 

Povos caçadores, coletores e pescadores - os índios carijós, sambaquianos -; segundo vestígios prospectados ocuparam a região a cerca de 3 mil anos. Não por acaso, os sambaquis, amontoados de conchas e, ao mesmo tempo, cemitério, distribuem-se no litoral norte catarinense. O Museu do Sambaqui em Joinville guarda reminiscências, memória viva destes povos. 

A missão, entre outros objetivos, segundo Joel Ghelen da SDR, buscava instituir o Fórum Babitonga Sustentável, então em gestação. A UNIVIILLE, gradativamente, inseriu-se no ecossistema Babitonga. A comunidade insistiu muito para que isso ocorresse, caso de Aurélio Alves Ledoux, filho de descendentes da Colônia do Say, falanstério francês nas américas. Durante a travessia que partiu da Marina dos Espinheiros havia enorme expectativa por parte dos signatários. Naturalmente os tempos são outros, e outras, portanto são expectativas. Se antes a Ilha operava como âncora da marinha do Brasil, com mais ênfase desde 1918, agora prospectavam-se novos horizontes: base científica e turismo náutico. 

Durante a Segunda Guerra Mundial o presidente Getúlio Vargas visitou a Ilha, consolidando-a como bastião avançado de defesa nacional. Segundo consta, temiam a incursão de tropas nazistas. Superado o fragor da conflagração, em 1968, a ilha é cedida ao Porto de São Francisco do Sul. Opera como cabeça-de-ponte, especialmente no abastecimento de água e gênero alimentícios.


Geipac/ Ilha da Rita

Em a partir de 1999 a concessão vai para a UNIVILLLE. Inicia-se, portanto, um novo ciclo. E, com isso, uma nova visão. Durante a visita percebe-se instalações: a residência do administrador, uma estação meteorológica. Resquícios de atracadouros. Reservatório de água doce. E, sobretudo trilhas que conduzem a diversos pontos da Ilha. Vegetação de exuberante e preservada. Verdadeiro paraíso. 

O complexo Babitonga compreende um território de 130 Km², contendo 24 ilhas. E 65 Km² de manguezais. Ambiente rico e diversificado. Berçário incomparável. Ao largo, o Farol da Paz sinaliza, oferecendo a segurança necessária para embarcações que navegam na região. O Forte Marechal Hermes, base naval ainda ativa, faz parte deste complexo. Ali, um museu expõe canhoneiras e armamentos centenários. Uma curiosidade: a denominação das ilhas, algumas bastante exóticas: Maracujá, Do Mel, Dos Negros, Herdeiros, Chico Pedro, Ferreira, Araújos de Fora, Araújos de Dentro e Araújos do Meio.

Ao final da missão, todos concordam, o potencial da Ilha e região apenas se descortina. Turismo aliado à proteção ambiental, o grande desafio. Há uma forte tendência de ocupação. Desenha-se um complexo portuário ambicioso. Recentemente foi constituído o Grupo Pró-Babaitonga - mais uma iniciativa, esta do Ministério Público Federal -, com a participação dos segmentos que interagem no território: setor de turismo, pesca, maricultura, navegação, gastronomia e pesquisa científica. E, sobretudo, preservacionistas. Ressalte-se, por fim, quanto ecossistema Babitonga Deus fez sua parte - e é maravilhosa - quanto a dos homens, eis um desafio sem precedentes. 

Joinville, 5 de dezembro de 2020


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