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CAMPO & CIDADE

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  • - Onévio Zabot - Engenheiro agrônomo e servidor de carreira da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) - Membro da Academia Joinvilense de Letras

EXCELÊNCIA SANITÁRIA - Onévio Zabot

Entre as unidades da federação, Santa Catarina se destaca, seja como polo agropecuário, industrial ou turístico. Alcides Abreu, estrategista emérito apontava essas potencialidades, identificava-as em três vieses: 1) Descentralização geográfica, 2) diversificação econômica; e, 3) diferenciação regional. Ao Oeste, agroindústria; no planalto, papel e celulose; no Sul, complexo cerâmico; na grande Florianópolis, tecnologia da informação; e no litoral norte: polo metalmecânico.

Mas, certamente, a excelência sanitária fez e faz toda a diferença. Primeiro estado brasileiro a obter reconhecimento internacional em sanidade animal. Zona livre de febre aftosa sem vacinação. Um feito e tanto. Somos testemunho desta ousadia. Ano, 1987; governo: Pedro Ivo Campos. A virada. Antes disso ações ousadas- sejamos realistas -, aconteceram. A CAFASC - campanha de vacinação contra a febre aftosa, uma operação exitosa. Vacinação em massa do rebanho bovino. Agulha oficial. Equipes de sanitaristas competentes e preparados.  

Depois disso, no entanto, embora CIDASC - criada em 1979 - herdasse está competência, equipes foram desfeitas e programas comprometidos em razão do proselitismo político-partidário. Profissionais do mais alto gabarito - relegados. Os Médicos Veterinários e vacinadores, sem alternativas, passaram a tocar programas de fomento, a maioria de reconhecida ineficácia. Questionáveis. Troca-troca. Meras bandeiras eleitorais. Entrega de sementes, cobrar insolventes. Alguns ocupavam o tempo praticando clínica veterinária, mas sem um projeto definido.

Enquanto isso, a febre aftosa, e mesmo peste suína clássica e outras doenças dizimavam os planteis. Com a sanidade vegetal não era diferente. Este era o cenário em 1987. Exportações seriamente ameaçadas em face deste cenário desanimador. Pedro Ivo - gestor austero -, toma conhecimento da situação, ausculta os profissionais do setor e ordena que seja implementado um serviço de defesa e vigilância sanitária exemplares. Dane-se o paternalismo complacente. 


Compete a um grupo de escol promover a virada. À frente da empreitada profissionais, Médicos Veterinários do gabarito de Abel Just - mestre dos mestres -, Pedro Américo, Claudinei, Clóvis Improta, Hogeniano Pholod, Paulo César Duarte, Paulo César Garcia, Edson Veran, Leopoldo Alves e João Artur, entre tantos outros. E na sanidade vegetal, agrônomos do porte de: Pedro Arruda, Machuca, Cantú, Xavier, Zanatta, Mortari, Scwab, Plínio Smiderle, Nilson Emanuel, Cassini, Robison Borges entre outros. E na prestação de serviços de dragagem e perfuração de poços artesianos: Aurélio Remor e Borges. O time da área administrativa não ficava atrás, de primeiríssima estirpe. E, no interior, gerentes regionais e equipes técnicas, uma plêiade de ousados gestores. Embora correndo o risco de esquecer nomes (peço escusas por isso), ocorre-me: Arnaldo S'Thiago, Joinville; Da Maia, Blumenau; Ernesto Dias, Mafra; Helder, Concórdia; Nardo, Xanxerê/Chapecó; Anselmo; São Miguel do Oeste; Pedro Arruda, Lages; Nivan, Itajaí; Coelho, Joaçaba; Gécio Meller, Criciúma; Wacholz, Rio do Sul; Túlio Tavares, São José. Armada de talento e qualidade.

Convidado para comandar a Diretoria Técnica só aceito o convite após ouvir Clóvis Improta, amigo e emérito sanitarista. Este me encoraja, o que me leva a aceitar o desafio. E não dá outra, a empresa é reestruturada, passando a atuar de forma profissional, relegando o proselitismo político-partidário, praga contagiosa, à época.  Os frutos não tardaram a aparecer. Retoma-se o serviço de defesa e vigilância. Retoma-se a vacinação dos rebanhos. Restruturação administrativa permitiu fazê-lo sem alocação de recursos extras, apenas gerenciando-se todas as etapas do processo: aquisição da vacina, seleção dos vacinadores, distribuição e cobrança. 

A medida provoca reações nos municípios. Habituados ao paternalismo, especialmente clínico veterinário, alguns prefeitos reagem. Pedro Ivo e Neuto de Conto, então secretário da Agricultura resistem às investidas. Postura também adotada por Ademar Simon, presidente da Cidasc e Valdir Colatto, secretário Adjunto da pasta da Agricultura. O resultado não tardou a aparecer, Santa Catarina conquista o status de excelência sanitária; serve de exemplo para o Brasil. 

Há quem diga que qualidade significa estabelecer, manter e melhorar padrões. Certamente, no setor sanitário tal fato consolidou-se a partir da visão profissional implementada no Estado.E, excelência sanitária traduziu-se em bons negócios, e sobretudo, segurança alimentar. Alvissaras! 

                                                     Joinville, 10 de janeiro de 2021





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