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Artigo

Vida e Morte de um Herói do 13º BC - Capítulo XIV

Da Redação: 28/2/2022 - 13:56 hs - A localidade de Ponta de Baixo, em São José, não contava com serviço de entrega de correspondência. Thomaz Silveira de Souza e Maria Francisca instruíam dois filhos com pouco mais de 10 anos que estudavam no Grupo Escolar Francisco Tolentino a passar diariamente na agência dos Correios e verificar se havia correspondência do filho Etelvino que continuava lutando na Itália contra forças dos exércitos nazifascistas.  Para toda a família cada carta que chegava era motivo para comemoração. Para Maria Francisca significava que Deus ouvia suas preces por intercessão de seu santo protetor. De joelhos diante da imagem de São Pedro, voltava a orar em agradecimento pela vida do filho, na esperança de sua volta.

Com o degelo no início de fevereiro, o comando aliado retomou o antigo projeto de alcançar Bolonha e as ricas cidades do vale do rio Pó, como Milão e Turim, o mais rápido possível. Para isso, foi montada a operação Encore (Retomada), uma ação conjunta de todas as forças disponíveis na península italiana para asfixiar as unidades nazifascistas. A FEB tinha novamente sob sua incumbência tomar Monte Castelo. Nas três tentativas do ano anterior, os brasileiros haviam sofrido centenas de baixas, o que servira para abalar o moral da tropa. A quarta tentativa não poderia falhar de forma alguma.

Segundo relatou o falecido jornalista Joel Silveira, que acompanhou os combates, "o general Mascarenhas de Morais, comandante das forças brasileiras na Europa, resolveu não acatar as orientações do comando norte-americano e empregou todas as unidades que tinha a sua disposição para o ataque". Tomar Castelo tornara-se uma questão de honra, e o que os pracinhas não haviam conseguido em três meses.

As cartas de Etelvino não traziam notícias sobre as batalhas e a real situação dos soldados da FEB - Força Expedicionária Brasileira - o que não é permitido durante as guerras. As cartas passavam por uma espécie de censura para evitar o vazamento de alguma informação estratégica. A família de Etelvino conseguia algumas notícias do que acontecia no front, através do rádio.

Integrado ao 1º Batalhão de Saúde, o combatente Etelvino Silveira de Souza desempenhava a perigosa missão de recolher companheiros que tombavam feridos durante as batalhas. Na conquista de Monte Castelo foi intenso o trabalho da equipe no recolhimento de feridos que eram transportados em ambulâncias Dodge WC-54 do Exército Americano. O Batalhão de Saúde recebeu 30 destes modelos, que ajudaram a salvar a vida de muitos combatentes brasileiros, transportando-os desde a frente de batalha até os hospitais na retaguarda. Os operadores destas ambulâncias conviviam com o perigo, algumas ambulâncias chegaram a ser alvejadas por rajadas de metralhadoras, além de terem que trafegar por estradas estreitas, às vezes lamacentas, o que exigia o uso de correntes nos pneus, e com grandes penhascos, onde qualquer erro poderia ser fatal.

Ambulância Dodge WC-54 do Exército Americano

A Batalha de Monte Castelo travada entre as tropas aliadas e as forças do Exército Alemão, que tentavam conter o seu avanço no Norte da Itália marcou importante participação de FEB no conflito mundial. A batalha arrastou-se por três meses, de 24 de novembro de 1944 a 21 de fevereiro de 1945, durante os quais se efetuaram seis ataques, com grande número de baixas brasileiras devido a vários fatores. No dia 21 de fevereiro de 1945, após árduos combates, a FEB finalmente conquistou o Monte Castelo.

A tomada de Monte Castelo inaugurou uma série de vitórias da FEB. A 3 de março foi iniciada a ofensiva no vale do rio Marano pela 10ª Divisão de Montanha norte-americana e pelos 6º e 11º regimentos de Infantaria brasileiros (Regimento Ipiranga e Regimento Tiradentes). A 5 de março foi capturado Castelnuovo, encerrando-se aí a Operação Encore. Iniciaram-se então os preparativos para a Operação Primavera, no vale do rio Parano, destinada a desmantelar a nova linha Gengis Khan que os alemães preparavam nas montanhas dos Apeninos, no vale do Pó e nos passos alpinos de Brenner e de Sillano. (FGV/CPDOC)

A postagem e novos capítulos ocorrem nas segundas-feiras.

Ary Silveira de Souza - Editor do JI Online/




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