Microrganismos naturais do rio Cubatão são os responsáveis pelas mudanças; testes garantem qualidade da água distribuída

Desde que a Companhia Águas de Joinville identificou odor e gosto na água, a equipe técnica tem reforçado as ações de monitoramento e testes para garantir que a água permaneça potável para a população, ou seja, liberada para o consumo, sem riscos para a saúde.

A coleta para a análise da qualidade da água é feita em vários pontos, desde o rio, passando por testes durante o processo de tratamento, até quando a água está pronta para ser enviada para as residências, quando são analisados mais 262 pontos de residências e comércios espalhados em todas as regiões da cidade.

O engenheiro sanitarista e ambiental, Lucas Emanuel Martins, gerente de Água da Companhia, explica que os efeitos que algumas pessoas estão percebendo na água ocorrem por um processo natural e envolve microrganismos que são encontrados normalmente no rio.

“Esse gosto e odor são gerados por substâncias naturais, produzidas por microrganismos que vivem no manancial. Em algumas épocas do ano, esses microorganismos acabam se desenvolvendo de forma mais acentuada. Eles são compostos naturais que não geram nenhum risco à saúde, embora, mesmo em concentrações muito pequenas, já sejam perceptíveis para o sensorial humano”

Moradores de diferentes bairros têm acionado a Companhia para entender o que pode ter ocorrido.

“Esta é uma situação que a gente nota especificamente no rio Cubatão por uma série de fatores como o aumento da matéria orgânica, falta de chuva, incidência solar e por uma característica do rio, que em alguns pontos acaba represando um pouco. No rio Piraí não acontece esse tipo de evento por ele ser um manancial de maior corredeira e por a captação estar mais em cima na serra”, informa Lucas.

Por se tratar de um processo natural, não há como precisar o prazo para que a situação seja normalizada. Entretanto, é importante reforçar que a qualidade da água não está alterada.
“A orientação é que a água está potável, com o consumo liberado. Não há nenhum risco para a saúde da população em termos de consumo da água que está sendo fornecida pela Companhia”, reforça o gerente.

Outra dúvida apontada pela população é se o odor e gosto poderiam estar ligados às obras de modernização da Estação de Tratamento de Água (ETA) Cubatão. Sobre isso, o engenheiro informa que não há nenhum tipo de relação.

“Não há nenhuma possibilidade de estar relacionado com as obras de modernização, pois estas melhorias são na estrutura de bombeamento da estação. Além disso, essas substâncias foram encontradas no manancial, indicando que vêm anterior à própria estação de tratamento de água”, conclui Lucas.

Confira algumas dúvidas comuns sobre esta situação

Por que sinto um gosto ou cheiro diferente na água que está chegando na minha casa?
A percepção de gosto e odor de terra na água é consequência de um fenômeno natural e não apresenta nenhum risco para a saúde. Essa situação pode acontecer em algumas semanas do ano, especialmente em períodos com muitos dias seguidos de sol, sem chuva, quando há maior presença de compostos naturais, ou seja, substâncias produzidas por micro-organismos que vivem nos mananciais. Em agosto e setembro de 2020, além de março de 2023, situações similares aconteceram em Joinville.

Como sabem que a qualidade da água não está sendo afetada?
A Companhia Águas de Joinville cumpre rigorosamente uma rotina diária de monitoramento da água. Mais de 160 parâmetros são analisados no sistema de abastecimento e há uma série de controles de qualidade nas etapas do processo de tratamento e de distribuição de água. Na rede de distribuição, essas análises são feitas em 262 pontos em todos os bairros da cidade. Esse conjunto de processos atesta a qualidade da água distribuída.

Todos os testes seguem os padrões de qualidade definidos pela Portaria GM/MS nº 888/2021, do Ministério da Saúde, inclusive com análises laboratoriais que ocorrem com uma frequência até maior do que a exigida. Os níveis de cloro da água tratada na ETA Cubatão, por exemplo, são analisados a cada 30 minutos, sendo a exigência uma análise a cada duas horas. Os parâmetros flúor, pH e cor são verificados de hora em hora, sendo que a frequência exigida é de uma análise a cada duas horas.

Diante da situação atual, além de análises e testes já realizados habitualmente, a Companhia ampliou o número de análises de água do manancial.

E como fica o tratamento da água quando uma situação como esta acontece?
A Companhia reforçou a quantidade de análises realizadas para continuar garantindo que a água esteja própria para consumo. O tratamento da água, que consiste na captação, coagulação, floculação, decantação, filtração, desinfecção, adução, reservação e distribuição, permanece seguindo processos rígidos e garantindo a qualidade para o consumo.

Essa situação tem relação com as obras na ETA Cubatão?
Não. Não há nenhuma relação com as obras de modernização da ETA Cubatão. A situação está relacionada exclusivamente com a formação dos compostos naturais nos mananciais.

Quais bairros estão sendo impactados?
Há relatos de percepção de cheiro e gosto de terra na água em diferentes bairros da cidade. Isso acontece pelo fato de que 78% da cidade é abastecida pela Estação de Tratamento de Água (ETA) do Cubatão, localizada em uma região na qual a água tem menos correnteza e o manancial está mais propício a este tipo de situação. No Piraí, por exemplo, por ter características diferentes, como estar localizado no alto da serra e com o rio com mais correnteza, essa formação de compostos naturais não ocorre.

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Quando a situação vai ser normalizada?
Por ser um fenômeno da natureza, ou seja, que não ocorre por ação da Companhia, não é possível determinar a duração. Depende de fatores como condições de luminosidade e do volume de chuvas na região do manancial.