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CAMPO & CIDADE

De Cambucis & Butiazeiros

Frutas nativas ou silvestres, eis algo surpreendente dadas as potencialidades em terras tupiniquins. Somente no bioma  Mata Atlântica estima-se existirem cerca de 2000 espécies  passíveis de aproveitamento. Um tesouro e tanto à espreita. Se acrescentarmos os demais biomas: Cerrado, Amazônico, Pantanal, Caatinga e Pampa, o salto, de certeza, é simplesmente  deslumbrante. 

Das vinte espécies de frutas mais consumidas no Brasil, apenas quatro são nativas: maracujá, abacaxi, goiaba e caju. 

A domesticação de plantas silvestres, certamente é algo instigante. Desafia o  homo sapiens desde os primórdios. A maçã, por exemplo, marca presença há mais de quatro mil anos. 

 Antes restritas aos ambientes originários - graças às caravanas e navegações  -,  disseminaram-se continentes afora. Caso da maçã e do figo. E da banana. Todas de origem asiática. E da África provém  a melancia – há milênios consumidas pelos egípcios. E também, entre outras preciosidades, a romã,  procedente do mediterrâneo. 

O Brasil já foi um grande importador de frutas, hoje emerge como polo expressivo de exportação. No ano de 2023 atingiu o patamar de 1.230.000 ( hum milhão e duzentas e trinta mil toneladas) toneladas. Faturamento da ordem da ordem de 155 milhões de reais. Manga, melão, suco de laranja à frente. E, mais recentemente, o açaí, tesouro da Amazônia.

De clima temperado, a maçã, a pera, a uva, o caqui e por aí afora. De clima tropical e subtropical: melão, manga, banana e açaí, as principais. Relevo com  altitudes e latitudes diferenciadas e, recursos hídricos abundantes,  propiciam  ambientes favoráveis à fruticultura. 

Com o advento de pesquisas científicas capitaneadas pela EMBRAPA, universidades e unidades estaduais - caso do IAC (Instituto Agronômico de Campinas no Estado de São Paulo e da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural Santa Catarina) -, progressos monumentais foram alcançados, com destaque para lançamento de  novos cultivares, considerando aspectos fitossanitários e, sobretudo, maior produtividade. 

Quanto às espécies nativas - a joia da coroa -, pesquisas avançam, mas ainda estamos longe das possibilidades que se apresentam. O leque é simplesmente impressionante: biribá, jenipapo, tucumã uxi, guabiroba, fisális, feijoa, mangaba, araçá-boi, bacuri, umbu, jabuticaba, pequi, caju, pupunha, uruaçu,  abiu, bananinha-do-mato, cagaita. E Outras tantas. Isso apenas no  Cerrado e na Amazônia.

Em terras paulistas despontam cultivos  de Cambuci, grumixama, araçá,  cambucá e bacupari. 

Em Santa Catarina, a goiaba serrana faz sucesso. Caiu no gosto do consumidor. Sem falar no pinhão, cada dia mais apreciado. Ah, e tem a pitanga, saborosíssima pitanga. A cachaça com pitanga de Gilberto Freire - famoso autor de Casa Grande & Senzala  -, rodou o mundo. 

Associadas à sistemas agroflorestais despertam a curiosidade dos ambientalistas. E  também dos pomoturistas, ou  simplesmente  silvicampistas. 

Uma curiosidade: certa feita, em Joinville,  o popular Nica, então responsável pela área de parques e jardins,  apresenta alguns frutos. Conchas das mãos cheias. O formato: pequenos discos verdes. Pergunta-me a queima roupa, que fruta é essa?  Hum!  Hora saber. Somente mais tarde a descoberta: eram cambucis. Coincidência das coincidências, hoje despertam a curiosidade de turistas. 

E, no momento, roteiro chamam a atenção. A rota Gastronômica do Cambuci – iniciativa do Instituto Auá -, que abrange mais de 20 cidades paulistas situados na Serra do Mar. 

Ah, é também a rota  do butiazeiro em terras gaúchas – litoral norte -, cuja objetivo maior é resgatar, preservar e promover a sustentabilidade ambiental. Ou seja,  comungar com os adereços da mãe-natureza – protegendo-a. Fauna e flora e o homem interagindo e contribuindo; legando, assim,  às futuras gerações o direito de usufrui-la e, sobretudo, aprecia-la. 

Como dizem os nortistas: “Chegou no Pará, parou; provou açaí, ficou”.

Bom demais saber.  Aguardem. Vem mais surpresa por aí. 

Onévio Zabot

Engenheiro Agrônomo

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