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Qual é a origem dos rituais de Ano Novo no Brasil?
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TOMAZ SILVA/AG. BRASIL - Nas festas de Iemanjá, os devotos vestem branco e levam flores como oferenda
À moda brasileira
Em Salvador, a Igreja do Senhor do Bonfim é o principal ponto da cidade na última sexta-feira do ano, chamada de "Sexta-feira da Gratidão". Fiéis de todo o país vão até o templo para pedir proteção para o próximo ano e levar objetos para benzer, como colares, as famosas fitinhas do bonfim, chaves de casa, fotos e até o carro.
Em todas as praias do Brasil, seguidores de Iemanjá costumam passar o Réveillon no litoral para fazer oferendas ou pular as sete ondas. Iemanjá, a Rainha do Mar, é uma divindade africana originalmente vinda da Nigéria, da tradição chamada de iorubá, e incorporada pelo candomblé e pela umbanda no Brasil.
Sete ondas
A relação do brasileiro com as praias nacionais durante o Réveillon, no entanto, não é exclusiva de devotos de Iemanjá.
Getty Images/Fitinhas do Senhor de Bonfim são presença garantida no Réveillon de Salvador
Apesar de morar longe do litoral, no interior de São Paulo, a família do paulista Rodrigo da Gama costuma passar o Réveillon nas praias de Santa Catarina, Estado onde têm familiares. "Quando estamos em Santa Catarina, sempre vamos até a praia, usamos roupas brancas e pulamos as sete ondas na virada", conta Gama.De uma família de "católicos não praticantes", ele explica que o ritual de usar branco e pular as ondas, diferente de como é para os umbandistas, não tem significado religioso, somente espiritual.
A tradição de usar branco
Usar roupas brancas na festa de Ano Novo se tornou comum no Brasil na década de 1970, quando membros do Candomblé passaram a fazer suas oferendas na praia de Copacabana. Pessoas que passavam pela praia e viam o ritual, acharam bonito o branco - e adotaram a vestimenta.
A tradição de pular as sete ondas na virada do ano, fazendo sete pedidos diferentes, também está ligada à Umbanda e ao culto a Iemanjá.
O sete é um número cabalístico, que na Umbanda representa Exu, filho de Iemanjá. Também tem relação com as Sete Linhas de Umbanda, conceito de organização dos espíritos sob o comando de um orixás. Cada pulo, nesse caso, seria o pedido a um orixá diferente.
Os dias de Ano Novo
As comemorações de Ano Novo não acontecem necessariamente no dia 1º de janeiro. Isso porque existem vários calendários que organiza
Para os muçulmanos, o Ano Novo corresponde ao mês de maio do calendário gregoriano; para os judeus, corresponde ao período de final de setembro e início de outubro; já os chineses celebram a passagem entre final de janeiro e início de fevereiro.
A advogada Anna Beatriz Dodeles é de família judia e não comemora o Ano Novo do calendário gregoriano."O 'Ano Novo' Judaico se chama Rosh Hashana, conhecido como Dia do Julgamento e a Cabeça do Ano. Ele acontece em um dos meses mais importantes do Judaísmo, o mês de Elul", conta ela.
"Essa festividade ocorre no sétimo mês do calendário Judaico - Lunar - e marca para os judeus o nascimento do mundo, o início da criação humana."
Para celebrar o Rosh Hashana, cujas comemorações duram dois dias, a família Dodeles faz orações e come determinadas comidas típicas para a comunidade judia, como o vinho e a chalá redonda (pão fermentado arredondado) umedecido no mel.
Já a família da jornalista Flávia Sato, que é budista, também segue tradições da cultura japonesa. Por isso, sua família se despede do ano velho no dia 31 de dezembro, mas faxinando a casa.
"No dia 31, na casa dos meus pais, praticamos um ritual chamado Oosouji, que é uma limpeza minuciosa da casa para renovar as energias do ambiente e começar o Ano Novo do zero, com tudo limpo e organizado", conta a jornalista.
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