Parlamento de Israel aprova reforma polêmica que reduz poderes do Judiciário

Em um passo controverso, o Parlamento de Israel aprovou ontem a primeira parte de uma reforma que busca reduzir os poderes do Judiciário e proibir a Suprema Corte de revogar decisões administrativas do governo. A medida, que visa dar maior autoridade ao Executivo em casos de conflito, tem dividido opiniões no país.

A reforma, proposta pelo presidente de Israel, Bibi, tem sido alvo de debate acirrado entre os defensores e opositores. Aqueles que se opõem à legislação argumentam que ela prejudicará o país, removendo os contrapesos fundamentais entre os Poderes em uma democracia.

A movimentação em relação a essa reforma não é nova. Em março, uma mobilização massiva, reunindo mais de 100 mil pessoas, fez o governo recuar temporariamente do projeto. Contudo, desta vez, a pressão não foi suficiente para impedir que o presidente Bibi seguisse adiante com seu plano, resultando na aprovação da primeira lei do pacote por 64 votos a zero, uma vez que a oposição boicotou a votação.

A repercussão após a aprovação da legislação foi significativa. Parte dos colaboradores de 150 das maiores empresas do país anunciaram greves em protesto à medida, enquanto dois dos principais bancos israelenses afirmaram que não puniriam os funcionários que faltassem ao trabalho para comparecer aos atos de manifestação.

Além disso, aproximadamente 10 mil reservistas das Forças Armadas também se posicionaram e declararam que irão "cruzar os braços" em relação aos protestos.

Um ponto de grande preocupação dos opositores da reforma está relacionado às possíveis repercussões sobre as relações de Israel com os Estados Unidos, seu maior aliado. O presidente norte-americano Joe Biden tem criticado abertamente o projeto desde janeiro, o que pode criar tensões entre os dois países.

Os defensores da reforma, por sua vez, alegam que ela tornará Israel um pouco mais democrático, ao restabelecer o equilíbrio de poderes após anos de acúmulo de autoridade na Suprema Corte.