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MEMÓRIA

JI OnLine - Memória - O dia em que Joinville parou

  • Joinville e sua histórias -

Ary Silveira de Souza - Quando as primeira luzes do dia 24 de agosto de 1954 iluminaram a cidade suas ruas já estavam tomadas por bicicletas. Eram os operários que se dirigiam às fábricas para mais uma jornada. Homens e mulheres de todas as idades podiam ser vistos; entre eles, pai,mãe e filhos da mesma família a caminho das fábricas. Jovens apaixonados pedalando lado a lado, de mãos dadas alegremente trocavam juras de amor antes da despedida diária quando cada um  se dirigia ao seu local de trabalho.

Os trabalhadores não imaginavam que um fato de enorme repercussão nacional havia ocorrido no Rio de Janeiro, capital da República antes de deixarem suas casas para labuta diária, pedalando suas bicicletas das mais diversas marcas, todas importadas algumas montadas no Brasil, entre elas: Monark e Centrum, Usqvarna (suecas),Gäricke, NSU (alemãs), Prosdócimo, Hermes e outras.

Foi equilibrando sobre seus veículos de duas rodas e desafiando o frio, a chuva e o calor do meio dia que eles garantiram para Joinville o título de "Cidade das Bicicletas". O resultado de seu trabalho também deu a nossa cidade do cognome de "Manchester Catarinense".

Naquela manhã, pedalando minha bicicleta Monark, comprada pelo meu pai, com o dinheiro que meu padrinho Emílio Stock Sênior depositava na Caixa Econômica Federal, duas vezes por ano, no Natal e na data de meu aniversário, eu me dirigia à Impressora Ipiranga, onde era aprendiz de tipógrafo.

Ha poucos dias havia completado 18 anos e estava feliz com a expectativa de receber um salário mínimo integral no início de setembro. Naquele tempo, menores de 18 anos recebiam somente a metade do salário mínimo. Ao chegar na Impressora Ipiranga que ficava no final da rua Marechal Deodoro fiquei surpreso ao observar que alguns colegas estavam retirando seus veículos do bicicletário.

Ao perguntar fui informado que o presidente Getúlio Vargas havia morrido por suicídio e que havia sido decretado feriado nacional.Confesso que não tinha ainda a maturidade  necessária para analisar a gravidade que o fatídico acontecimento poderia provocar na vida do pais. Iniciei o caminho de volta para casa e ocupei parte do dia percorrendo as serrarias da rua Duque de Caxias, atual Dr. João Colin, transportando serragem que minha mãe usava no fogão em substituição a lenha.


Cortina do passado/Em visita a São Francisco do Sul - Getúlio Vargas ao seu lado o senador Nereu Ramos


Ary Silveira de Souza
Jornalista, radialista e escritor
Editor do JI Online



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