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Em 'referendos', ucranianos votaram sob a mira de armas

  • DW -

Os invasores russos na Ucrânia fizeram eleitores votarem nas ruas, em seções de votação improvisadas e até em suas próprias casas, levando urnas de porta em porta. Os relatos são de moradores das regiões ucranianas de Zaporíjia, Kherson, Lugansk e Donetsk, parcialmente ocupadas por Moscou.

Pseudorreferendos sobre a anexação desses territórios à Rússia foram realizados nos últimos dias nas quatro regiões. Recusar-se a participar da votação imposta era uma ameaça à vida, disseram os residentes locais, ressaltando que representantes dos chamados "comitês eleitorais" apareciam acompanhados de militares russos armados.

"Duas mulheres e três soldados russos com fuzis me perguntaram se eu votaria", contou a moradora de um vilarejo perto de Melitopol, em Zaporíjia. Ao questioná-los se ela tinha escolha, eles ficaram em silêncio. "Eu tive que fazer um xis onde eles apontaram [na cédula de votação] com o cano da arma."

Ela disse que, embora não quisesse votar, o fez porque temia que eles pudessem convocar seu filho de 35 anos para a guerra. "Foi bom que meu marido e meu filho estavam trabalhando no campo naquele momento. Não quero que eles levem meu filho, ele está na lista deles", afirmou, em lágrimas.

Coleta de dados sobre moradores
As listas representam uma ameaça para a população nos territórios ocupados, afirma Oleksiy Koschel, presidente da Associação de Eleitores da Ucrânia. Os invasores estão criando bases de dados porque, mesmo após seis meses de ocupação, "têm pouca informação sobre quem vive nos territórios ocupados", argumenta.

Segundo Koschel, durante os pseudorreferendos os russos também colheram dados sobre quem era pró-Ucrânia, que idioma falavam e quais homens estavam na idade de alistamento.

A população não apoia os invasores, afirma Koschel, ressaltando que é por isso que a distribuição de passaportes russos e a introdução do rublo nos territórios ocupados fracassaram.

Segundo o presidente da Associação de Eleitores da Ucrânia, os pseudorreferendos foram organizados às pressas e sem pessoal suficiente, o que tornou a votação caótica. Ele diz ainda que os russos recorreram a quaisquer métodos que pudessem inventar para falsificar o resultado.

Alta participação em cidades vazias
As "votações" ocorreram durante cinco dias. Em apenas três dias, as chamadas "repúblicas populares" de Lugansk e Donetsk relataram uma participação recorde de até 87% - com mais de 1 milhão de votantes.

"Esses números são idiotas e irrealistas, porque a maioria dos moradores já deixou os territórios ocupados há muito tempo", escreveu Serhiy Haidai, chefe da administração militar de Lugansk, em mensagem no Telegram.

Ele observou que os russos chegaram a reivindicar um comparecimento às urnas de quase 50% em cidades que foram destruídas e quase completamente abandonadas no leste da Ucrânia, incluindo Lysychansk, Severodonetsk e Rubizhne.

"Os resultados foram falsificados", afirmou Haidai.

Em Kherson, no sul ucraniano, os invasores tinham a intenção de fornecer à mídia de propaganda imagens da população pró-Rússia indo em massa às urnas, disse uma moradora local que se identificou apenas como Hanna. Mas as coisas não saíram como planejado.

Às 8h da manhã, músicas soviéticas ecoaram, enquanto organizadores e militares russos esperavam pelos eleitores. "Mas nenhum eleitor apareceu, nenhuma fila se formou", conta ela. "Às 10h, eles fecharam os locais de votação e saíram batendo nas portas das casas  - "mas ninguém abriu".(DW)


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