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ARTES

Di Cavalcanti e as mulatas

  • - As Mulatas, 1962, Palácio do Planalto

Da redação - Elisa Silva - 10/2/2023 - 12:00 hs - Sobrinho de José do Patrocínio, Emiliano de Albuquerque Mello (1897-1976) nasceu no Rio de Janeiro e foi criado em um ambiente abolicionista cercado de literatura e arte, o que certamente contribuiu para o seu engajamento em causas sociais.

Didi, como era chamado na infância, muda-se para São Paulo em 1917. Período em que começa a fazer faculdade de Direito no Largo de São Francisco e faz sua primeira exposição individual de caricaturas, passando a criar as capas da revista O Pirralho. No mesmo ano começa a trabalhar no jornal Estado de S. Paulo. É desta época que o apelido diminuiu para Di e o nome Di Cavalcanti firmou.

Di Cavalcanti participou ativamente da semana de 22, expondo e coordenando as exposições. O cartaz do evento é de sua autoria. Apesar disso, ele sabia que nenhum artista brasileiro era de fato modernista e um longo caminho havia de ser trilhado até a maturidade artística sua e de seus colegas.

Na busca dessa maturidade, Di Cavalcanti viaja para Paris, onde montou um pequeno ateliê e passou a trabalhar como correspondente do jornal Correio da Manhã. Neste período frequentou a Academie Ranson e conhece artistas de vanguarda como Georges Braque (1882-1963), Fernand Léger (181-1955), Henri Matisse (1869-1954) e Pablo Picasso (1881-1973). Di e Picasso tornaram-se amigos, sendo que a pintura do primeiro foi influenciada pelas obras do espanhol, inclusive o quadro Cinco Moças de Guaratinguetá é uma revisitação da obra inaugural do cubismo As Senhoritas de Avignon de Pablo Picasso.

A experiência vivenciada no exterior aliada a consciência da necessidade de criar uma arte tipicamente brasileira – objeto de desejo de todos os artistas nacionais daquele tempo – faz com que Di Cavalcanti crie uma linguagem própria pautada no uso de cores intensas e formas simplificadas e curvilíneas, ele optou por uma temática nacionalista, marcada por uma profunda preocupação social.

É neste contexto que surgem as famosas imagens femininas de Di Cavalcanti, entre elas, As Mulatas, quadro que ficava exposto no terceiro andar do Palácio do Planalto. A obra integra uma série de quadros que retratam mulheres de ascendência africana, segundo o artista essas representações valorizam a brasilidade e a população brasileira, pois o Brasil – para desgosto de muitos – é um país absolutamente miscigenado.

As Mulatas é uma obra de arte extremamente brasileira em todos os sentidos, o quadro foi danificado nos ataques terroristas de 8 de janeiro deste ano. Infelizmente, os vândalos não compreendem a importância da arte para a sociedade e, como míopes sociais que são, não conseguem se ver nesta representação tipicamente nacional.                                                       

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