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CAMPO E CIDADE

Controle do borrachudo

A Câmara de vereadores de Joinville – Comissão de Economia, Agricultura, Indústria, Comércio e Turismo - sob a batuta de Adilson Girardi promoveu no último dia 8 de fevereiro uma reunião sobre controle do borrachudo (Simulídeos), praga que assola a zona rural. Os agricultores procuraram o vereador, pois a praga está fora de controle em algumas comunidades. E é grande o desconforto, incomodando os moradores e afugentando turistas.
Hematófagos, os Simulídeos, embora não transmitam doenças, são ávidos por sangue; no caso as fêmeas para maturação dos ovos. As picadas incomodam. Holometabólicos tem ciclo completo: alados (adultos ao ar livre), ovos, larva e pupa (meio aquático). 

Em média o ciclo de vida é de 35 dias. Portanto, em apenas um ano, podem ocorrer até 10 gerações. Presentes na reunião, além de vereadores, lideranças rurais e técnicos da Secretaria do Meio Ambiente, pasta que coordena o programa de combate aos Simulídeos.
Lideranças como Jair Cattoni da estrada Blumenau foram taxativas: algo está falhando. Os surtos de borrachudos simplesmente explodiram. Como foi aplicador de larvicida, assim como seu pai Adair Cattoni conhece o metier. E foi taxativo: não está sendo observado o período de aplicação do larvicida, e os pontos de aplicação estão aquém do mínimo necessário. E como o projeto é terceirizado pela municipalidade a fiscalização está deixando a desejar. Lourenço, líder comunitário do Costa e Silva levantou a necessidade de controle nas cabeceiras do rio Cachoeira.

Lá estávamos por outro motivo: discutir sobre colheita de lavoura de lúpulo com a Unidade de Desenvolvimento Rural. Mas, atentos, acompanhamos as ponderações. A empresa responsável pela aplicação do larvicida não foi convidada para a reunião. E, assim não pudemos ouvir as alegações sobre o descontrole momentâneo. A equipe responsável pela fiscalização, hoje afeta ao Meio Ambiente, embora a boa vontade, restringiu-se a ponderações
de ordem geral.

O técnico Sidnei Rodrigues da municipalidade que, por longo período coordenou o setor manifestou preocupação, alegando com o larvicida empregado funciona, e que se utilizado de forma correta controla o surto da praga. Portanto, a questão é de fiscalização. Ou por outra, monitoramento.
Instado a usar a palavra discorremos sobre os passos dados até chegar ao sistema de controle atual. As etapas percorridas. A primeira, na década de 1960 até 1980 com o emprego de agroquímicos; a segunda, a partir de 1980 com o emprego do Bacillus Thuringiensis israelenses (BTI (larvicida biológico; e sobre a terceirização do serviço de aplicação, em 1997.

O sistema atual é fruto de cooperação com a prefeitura de São Sebastião no Estado de São Paulo e ajustes a partir da experiência de Gramado e Canela na Serra Gaúcha. Regiões turísticas são mais rigorosas na sistemática de controle.
Quando com o vereador Arinor Vogelsanger de saudosa memória estivemos em São Sebastião, constamos que o controle exige método apropriado de aplicação, e sobretudo gestão profissional. Na obra À Sombra da Esplêndida Cordilheira Arinor discorre sobre isso. Senão vejamos.
O êxito do projeto se deve às premissas: 1) base científica do projeto: 2) levantamento criterioso das bacias hidrográficas e dos criadouros do inseto; 3) mapeamento dos pontos de aplicações e respectivas vazões; 4) aplicação feita em equipe; 5) elevado nível profissional dos aplicadores; 6) supervisão técnica sistemática; 7) fiscalização permanente dos trabalhos de campo; 8) apoio total da municipalidade; 9) setor de saúde diretamente envolvido; 10) pressão da comunidade (população urbana e do setor rural).

Retornando a Joinville Arinor foi incisivo, e graças ao apoio do então prefeito de Joinville Luz Henrique da Silveira, em 24 de setembro de 1997 o novo programa entrou em operação. Sendo oficialmente lançado na propriedade Alfonso Kohls na estrada do Salto, rio do Ouro, Vila Nova.

Os resultados foram constados de imediato graças à equipe treinada e a fiscalização rigorosa. E o monitoramento de alado e larvas em pontos previamente determinados, uma ferramenta imprescindível. Uso de puçás para capturar alados. E fitas para prospectar diferentes estágios de desenvolvimento das larvas no meio aquático. Manter os alados abaixo de 10 borrachudo por hora, a meta. Acima disso, incomodam, causam desconforto segundo a Organização Mundial da Saúde.
Antes disso ressalte-se muitas foram muitas as tentativas de controlar a praga. A maioria das investidas infrutíferas. De positivo, o Programa Integrado de Controle do Borrachudo (PROSIM) na década de 1980, fruto de parceira com o governo do Estado. Programa ousado ao incluir várias instituições e ações como: educação ambiental, saneamento, recuperação de vegetação ciliar e pesquisa científica, entre outras medidas.
Diferente do maruim, hoje sem um método definido de controle, o borrachudo, sim, possui uma prescrição técnica clara. Protocolo definido.
Portanto, no momento, para manter a praga sob controle urge identificar esses gargalos e eliminá-los, sob pena de desperdício do dinheiro público.
Joinville, 11 fevereiro de 2023​​

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