logo RCN
NOTÍCIAS

'Pandemia no Sul caminha para agravamento sem precedentes', diz epidemiologista

  • Getty Images / BBC News Brasil - Dados mostram pandemia em expansão nos três Estados do Sul Foto

Aumento de casos e internações no último mês leva Estados a adotarem novas medidas para controlar o coronavírus. Se população não as cumprir e números não baixarem, será preciso fazer lockdown, defende Lúcio Botelho, da UFSC.

A região sul do país foi num primeiro momento menos afetada pelo coronavírus, mas agora é uma das partes do Brasil mais preocupantes."A pandemia no Sul caminha para um agravamento sem precedentes", avalia o epidemiologista Lúcio Botelho, professor do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A situação piorou significativamente no último mês em todos os três Estados da região. No Rio Grande do Sul e especialmente no Paraná, a crise nunca esteve tão séria quanto agora.

A média móvel de novos casos (a média dos últimos 14 dias imediatamente anteriores) atingiu seu pico de toda a pandemia nos dois Estados em novembro, de acordo com dados do portal Covid 19 Brasil, elaborado por pesquisadores da Universidade de São Paulo.No último dia 29, a média chegou a 3.673 novos casos no Rio Grande do Sul, um aumento de 54% em relação ao registrado no dia 1º. No dia 30, de acordo com os dados mais recentes, era de 3.410.

O Paraná também teve um novo recorde no dia 29, com média de 3.612 novos casos, um salto de 279% em relação ao primeiro dia do mês. No dia 30, eram 3.317. Em Santa Catarina, o pico da média móvel de toda a pandemia ainda é o dia 3 de setembro, com 6.423 novos casos. Mas a situação no Estado está bem próxima de se igualar ao seu momento mais crítico. 

Em 29 de novembro, a média móvel atingiu 5.492, seu maior valor no último mês, e ficou em 5.086 no dia 30. Foi o maior índice de todos os três Estados do Sul no último mês.

"Todas as principais regiões dos três Estados estão no ápice da curva de casos. A pandemia pode fugir do controle se nada for feito", afirma Botelho, que médico, doutor em epidemiologia e ex-reitor da UFSC.

Transmissão em alta 

Botelho aponta para a taxa de transmissão (Rt) do coronavírus para justificar sua preocupação. Essa taxa indica quantas pessoas são contaminadas em média por uma pessoa que foi infectada pelo novo coronavírus. Quando a Rt fica acima de 1, é um sinal de que a pandemia está crescendo. Se fica abaixo, a pandemia perde força. 

Em todos os Estados do Sul, a média móvel da taxa de transmissão está acima de 1 atualmente e tem se mantido assim há algum tempo, de acordo com o Observatório de Síndromes Respiratórias da Universidade Federal de Santa Catarina. No dia 30 de novembro, segundo os dados mais recentes, a média mais alta era a de Santa Catarina: 1,17. 

Isso significa que 100 pessoas infectarão outras 117, que, por sua vez, deixarão outras 136 doentes e assim progressivamente. É também em Santa Catarina que a média móvel está acima de 1 há mais tempo, desde 7 de outubro. A segunda maior Rt média atual é a do Paraná (1,11). No Estado, a taxa está acima de 1 desde 6 de novembro. 

E o Paraná chegou a registrar 1,35 em 18 de outubro, o maior índice entre os três Estados do Sul no último mês e o terceiro de todo país, atrás apenas de Sergipe e do Rio Grande do Norte. O Rio Grande do Sul tem a terceira maior Rt média, com 1,07. O índice gaúcho está acima de 1 desde 24 de outubro, há mais tempo do que o índice paranaense. 

Botelho defende que, para reverter esses índices, é necessário intensificar as medidas de distanciamento social e restringir a circulação da população. Ele também diz ser necessário aumentar a testagem e a identificação de pessoas que entraram em contato com quem está doente para isolar os infectados e deixar em quarentena os casos suspeitos. 

Só assim é possível interromper a cadeia de transmissão do vírus, diz o epidemiologista. Sem essas medidas, "o que vai acontecer é um aumento cada vez maior da pandemia." 'Se números não baixarem, tem que fazer lockdown' Estes dados já começam a se refletir nos hospitais da região. O aumento de casos já faz com que 50 pessoas estejam na fila de espera por uma vaga de UTI na região metropolitana na capital do Paraná, segundo a Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba.A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul recomendou que estruturas de atendimento exclusivas para a covid-19 sejam reativadas para dar conta do crescimento das infecções.



No ranking brasileiro SC é o 21º estado em testes para Covid-19 Anterior

No ranking brasileiro SC é o 21º estado em testes para Covid-19

Covid: Prefeitos de SC assinam acordo por vacina no próximo dia 10 Próximo

Covid: Prefeitos de SC assinam acordo por vacina no próximo dia 10

Deixe seu comentário