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LETRINHAS DO RDB

Mestre Nerval Pereira - Roberto Dias Borba

  • - ROBERTO DIAS BORBA Joinvilense - jornalista. Filho de João Sotero Dias de Borba e Veronica Ida Borba. Casado com Vilma Ramos Borba. Pai de Ubiratan, Paulo César e Rubens. Nasci, me criei e conheci o esporte no bairro Glória - em Joinville. Três minutos, três gols era o lema do Leão do Alto da rua 15 - o Glória de tanta tradição, história e craques da bola. A minha trajetória na imprensa começou oficialmente em agosto de 1975, no extinto Jornal de Joinville. O maior período de atuação, mesmo distribuído em duas oportunidades, foi em A Notícia, por exatos 24 anos e oito meses. O

Na minha chegada em A Notícia, por indicação de Herculano Vicenzi, recebi a aprovação após passar por um teste sob a batuta de Alaor Lino da Silva, o chefe de redação. O que viria depois era uma convivência com um dos mestres da comunicação daqueles tempos. Nerval Pereira ocupava a diretoria de redação, o cargo máximo quando o jornal estava instalado na rua Abdon Batista, 149. Ele nos brindava constantemente com suas observações pertinentes sobre a língua pátria e com deliciosos discursos. Romeu Bohn Mendes, administrativo, e Leo Cesar (Leopoldo Schroeder), comercial, completavam o trio de diretores.

Nerval foi um autodidata, especialista em utilizar os recursos do vernáculo. E cada palavra pronunciada servia para enriquecer nossos conhecimentos. A despedida foi comovente, como mostram as imagens. Ele reuniu seus pupilos num jantar, na sede campestre do Clube 31 de Julho, onde aparece dando seu último discurso. Em nome dos colegas, Maceió teve a incumbência de fazer a fala de despedida na saída do mestre.

SENTINELAS DA A NOTÍCIA

As instalações de A Notícia na rua Abdon Batista, no centro de Joinville, sempre foram bem protegidas. De dia e de noite, os guardiões tinham ouvidos que captavam sons de todos os níveis a qualquer distância, e ainda possuíam visão como verdadeiros radares.

As manhãs e tardes, mesmo com um cochilo e outro, por ninguém ser de ferro, estavam a cargo do seu Nico. É claro que os ouvidos estavam "cansados" quando era convocado para alguma tarefa fora dos seus domínios. Para compensar, enxergava com perfeição, independente da distância, quando algo reluzente estava chegando ao chão. Principalmente quando estava relacionado com cifras.

Quando começava a escurecer, o plantão pertencia ao seu Laranja, que também tinha uma presença constante em qualquer assunto que se tratava de manutenção. Num sábado de calor, lá estava seu Laranja e subordinados para a troca de caibros podres no soalho da sala da diretoria. Antes dos trabalhos começaram, o diagramador Sérgio Silva, que mais tarde foi vereador e deputado estadual, resolveu dar uma forcinha: "Deixa que eu ligo o ar condicionado para a sala ficar menos quente!"

Quase duas horas depois, com os trabalhos praticamente prontos, Sérgio volta para ver como estava o ambiente e os "refrescados" carpinteiros de plantão. Seu Laranja avista Sérgio e dispara: "Não saberia dizer se pudéssemos resistir caso você não tivesse ligado o aparelho de ar condicionado".

Antes de serem fechadas as portas da rua Abdon Batista, 149, o professor Moacir Thomazi coloca em prática uma nova forma de administrar o jornal. O setor de "segurança" passa a ser terceirizado. No período diurno tínhamos a companhia de Bertolino Salvador, que também ajudou nos "comentários" da Copa de 1978. De tanto ver o Brasil de Coutinho sofrer, Bertolino nos brindou com uma frase que ele atribuía a Marco Antônio Peixer: "Em futebol, quem não faz, leva!". No horário noturno, a ronda pertencia a Toninho e que Herculano Vicenzi logo resolveu colocar um complemento: Toninho Malvadeza.

A série de "seguranças" de A Notícia tem ainda outros dois personagens que marcaram época. Um deles é Palmiro. E o outro foi Tonho Treme-treme. O negro Palmiro, um boêmio inveterado, foi um excelente tocador de banjo e sempre deixava escapar as suas histórias. Nos finais de semana, sem a dona Nina para coar um bom café para os plantonistas, ecoava na redação a frase: "Pega a meia do Palmiro para passar um café fresquinho".

E o Tonho Treme-treme! Amilton Alves, o chefe do setor pessoal, contratava e também dispensava os funcionários com a mesma destreza. Só que não esperava que um auxiliar de mecânico, com ombros da largura de um guarda roupas de oito portas, poderia ter uma reação daquelas. Foi Amilton lhe dizer: "Assina aqui" que o demitido resolveu virar a escrivaninha.

Amilton teve apenas tempo para pegar o interfone para chamar a segurança. E que segurança seria essa? A ligação chacoalhou com o Tonho, que respondeu na maior simplicidade: "Não, seu Amilton. Aqui não é da segurança. É da guarita".


Jovelino Ignácio/Nerval Pereira, em pé, fala para seus pupilos e, depois, ouve Maceió


Jovelino Ignácio/

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Esta é uma das crônicas que fazem parte de uma futura publicação, que terá o nome de "Glória´s do Menino Jornalista", uma coletânea de textos em que relato fatos marcantes de minha vida e a trajetória no jornalismo joinvilense e catarinense. Apoiadores e patrocinadores são bem vindos. Aguardo seu contato para prestar mais detalhes.



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